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O zelo pela higiene veio abaixo no século XVI, com a Renascença e o
protestantismo.
A era do ensebamento começou com o fim da Idade Média e durou até o
século XX, conclui Monique Closson.
Ao menos até que os movimentos hippies, ecologistas, neo-tribais, etc.
voltaram a pôr na moda andar sujo , sem barbear, vestido com blue-jeans e
outras peças que estão ou fingem estar em farrapos ou com manchas, que vemos
todos os dias na rua, nos transportes, aulas e locais de festa!
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A higiene não é uma descoberta dos tempos modernos, mas “uma arte que o
século de Luiz XIV menosprezou e que a Idade Média cultuou com amor”, escreveu
a historiadora Monique Closson, autora de numerosos livros sobre a criança, a
mulher e a saúde no período medieval.
No estudo de referência “Limpo como na Idade Media”, a historiadora
mostra com luxo de fontes que desde o século XII são incontáveis os documentos
como tratados de medicina, ervolários, romances, fábulas, inventários,
contabilidades, que nos mostram a paixão dos medievais pela higiene. Higiene
pessoal, da cozinha, dos talheres, etc.
As iluminuras dos manuscritos são documentos insubstituíveis onde os
gestos refletem o “clima psicológico ou moral da época”.
O zelo pela higiene veio abaixo no século XVI, com a Renascença e o
protestantismo.
Milhares de manuscritos, diz Closson, ilustram o costume medieval.
Bartolomeu o inglês, Vicente de Beauvais, Aldobrandino de Siena, no
século XIII, com seus tratados de medicina e de educação “instalaram uma
verdadeira obsessão pela limpeza das crianças”.
Eles descrevem todos os pormenores do banho do bebê: três vezes ao dia,
as horas, temperatura da água, perto da lareira para não pegar resfriado, etc..
As famosas Chroniques de Froissart, em 1382, descrevem a bacia no
mobiliário do conde de Flandes, de ouro e prata. As dos burgueses eram de
metais menos nobres e as camponesas em madeira.
A Idade Média atribuía valor curativo ao banho, como ensinava Bartolomeu
o Inglês no Livro sobre as propriedades das coisas.
Na idade adulta os banhos eram quotidianos. Os centros urbanos tinham
banhos públicos quentes copiados da antiguidade romana. Mas era mais fácil
tomar banho quente todo dia em casa.
Na época carolíngia os palácios rivalizavam em salas de banho com os
monastérios, que muitas vezes tinham ambulatórios para doentes e funcionavam
como hospitais.
Em Paris, em 1292, havia 27 banhos públicos inscritos. São Luiz IX os
regulamentou em 1268.
Nos séculos XIV e XV, os banhos públicos tiveram um verdadeiro apogeu.
Bruxelas, Bruges, Baden, Dijon, Digne, Rouen, Strasbourgo, Chartres… grandes ou
pequenas as cidades os acolhiam em quantidade.
Eram vigiados moral e praticamente pelo clero que cuidava da saúde
pública. Os hospitais mantidos pelas ordens religiosas, eram exímios e davam o
tom na matéria.
Regulamentos, preços, condições, etc., tudo isso ficou registrado em
abundantes documentos, diz Closson.
Dentifrícios, desodorantes, xampus, sabonetes, etc., tirados de
essências naturais, são elencados nos tratados conhecidos como ervolários
feitos nas abadias.
Historiadores como J. Garnier descreveram com luxo de detalhes os
altamente higienizados costumes medievais.
As estações termais também eram largamente apreciadas. Flamenca, romance
do século XIII faz o elogio da estação termal de Bourbon-l’Archambault.
Imperadores, príncipes, ricos-homens os freqüentavam na Alemanha, Itália,
Países Baixos, etc.
A era do ensebamento começou com o fim da Idade Média e durou até o
século XX, conclui Monique Closson.
Ao menos até que os movimentos hippies, ecologistas, neo-tribais, etc.
voltaram a pôr na moda andar sujo , sem barbear, vestido com blue-jeans e
outras peças que estão ou fingem estar em farrapos ou com manchas, que vemos
todos os dias na rua, nos transportes, aulas e locais de festa!
(Fonte : Monique Closson, “Propre comme au Moyen-Age”, Historama N°40,
junho 1987)
Retirado do blog Gloria da idade média
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Dès le onzième siècle, Philippe-Auguste fait paver les rues de
la capitale en prenant soin d’aménager une rigole pour l’évacuation des eaux usées. Vers
1370, le prévôt de Paris, Hugues Aubriot, décide la construction du premier
égout voûté et maçonné, rue Montmartre. Le réseauqui se développe trop lentement
est insuffisant, cinq siècles plus tard, pour traiter les cent mille mètres cubes
d’eauxusées et rejetées quotidiennement par les Parisiens. Cette lacune dans l’assainissement
aura une grande part de responsabilité dans l’épidémie de choléra de 1832.
Vingt ans plus tard, le baron Haussmann et
l’ingénieur Eugène Belgrand entreprennent la construction du réseau que
nous connaissons aujourd’hui.
Abaixo, a tradução, de nossa responsabilidade:
Desde o século onze, Filipe Augusto mandou pavimentar as ruas
da capital tomando o cuidado de providenciar uma vala para a evacuação das
águas utilizadas. Por volta de 1370, o preboste* de Paris, Hugo Aubriot, decide
construir o primeiro esgoto em arco [abóbada] e alvenaria, na rua Montmartre. A
rede que se desenvolve muito lentamente é insuficiente, cinco séculos mais
tarde, para tratar os cem mil metros cúbicos de águas utilizadas e despejadas
quotidianamente pelos parisienses. Esta lacuna no sistema de saneamento terá
uma grande parte de responsabilidade na epidemia de cólera de 1832. Vinte anos
depois, o barão Haussmann e o engenheiro Eugênio Belgrand empreendem a
construção da rede que nós conhecemos hoje.
* magistrado militar
Retirado de: In tribulatione patientes
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