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Só serviu para mostrar como o nosso país está pobre
de lideranças políticas, falido de novas ideias e vazio de propostas
Trata-se de uma tragicomédia
mambembe, que se arrasta sempre no mesmo diapasão, com ataques mútuos entre os
candidatos, velhos jargões de outras campanhas, números para cá e para lá,
textos de marqueteiros repetidos dos programas eleitorais, nada de novo que
possa mudar o rumo da campanha eleitoral.
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Por Ricardo Kotscho
"Quem ganhou?, costumam
me perguntar sempre no dia seguinte ao destes debates entre candidatos
transmitidos ao vivo por redes de televisão, como se fosse fácil dar a
resposta. Depois de perder mais de duas horas da minha vida, preencher 16
páginas de anotações e de lutar bravamente contra o sono, acordei nesta
quarta-feira sem nenhuma vontade de escrever sobre o assunto. Me deu um
sentimento misto de tristeza, fastio e vergonha alheia diante do que vi e ouvi.
Espero que nenhum estrangeiro
tenha assistido a este primeiro debate entre os presidenciáveis, promovido,
como de hábito, pela Rede Bandeirantes, que só serviu para mostrar como o
nosso país está pobre de lideranças políticas, falido de novas ideias e vazio
de propostas para nos dar alguma esperança de que algo possa mudar para melhor
nas eleições de 5 de outubro, qualquer que seja o resultado.
Para responder com
honestidade à pergunta que abre este texto, sou obrigado a dizer que,
infelizmente, não houve vencedores, apenas derrotados: nós, os eleitores. Um
debate com sete candidatos e quatro jornalistas, empregando as mesmas regras
rígidas e burocráticas do século passado, é um verdadeiro massacre para
quem dele participa e para quem o assiste.
Trata-se de uma tragicomédia
mambembe, que se arrasta sempre no mesmo diapasão, com ataques mútuos entre os
candidatos, velhos jargões de outras campanhas, números para cá e para lá,
textos de marqueteiros repetidos dos programas eleitorais, nada de novo que
possa mudar o rumo da campanha eleitoral.
Vou deixar de lado meu calhamaço
de anotações sobre os muitos embates entre os que querem presidir o nosso país,
que nada acrescentaram ao que todos já pensávamos deles antes do programa
começar. Ninguém surpreendeu ninguém, ganhou ou perdeu votos. A cobertura
completa pode ser encontrada aqui mesmo no R7, não preciso repetir. Para não
aborrecer o leitor, limito-me a transcrever algumas conclusões a que cheguei
nos intervalos do debate.
Dos sete personagens
perfilados ao lado de Ricardo Boechat no palco, na verdade apenas três
estão de fato disputando a eleição, desde o início da campanha: Dilma, Marina e
Aécio (este cada vez com menos chances de ir ao segundo turno, como se pode ver
no post anterior). Os outros só fazem figuração. Todos os nanicos juntos
registraram apenas 3% no último Ibope, quer dizer, estão fora do jogo, mas
fazem de conta que a candidatura deles é para valer. "Eu eleito presidente
da República...", repetiu um deles à exaustão ao iniciar suas
intervenções. E a gente finge que acredita.
Parece um disco quebrado. Qualquer
que seja a questão, os três que buscam uma vaga no segundo turno dão um jeito
de puxar o assunto para seus bordões: Dilma declama todas as realizações dos
governos petistas e atribui todos os problemas da economia à crise
internacional; Marina prega a reinvenção da política com um governo de união
nacional, sem explicar como pretende fazer isso, e Aécio não consegue sair
do discurso sobre todas as desgraças nacionais causadas pelo atual governo, sem
deixar de falar das belezas promovidas por ele nas suas administrações em Minas
Gerais. Ficamos nisso.
O resultado dessa chatice
também foi medido pelo Ibope, que acabara de divulgar a nova pesquisa
presidencial e registrou a audiência do debate: com 5% de média, a Bandeirantes
ficou em quarto lugar. A cada ano, o interesse pelo programa _ e pela política
_ diminui.
Vida que segue.
Fonte: R7
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