quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Um triste debate sem vencedores; só perdemos nós


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Só serviu para mostrar como o nosso país está pobre de lideranças políticas, falido de novas ideias e vazio de propostas

Trata-se de uma tragicomédia mambembe, que se arrasta sempre no mesmo diapasão, com ataques mútuos entre os candidatos, velhos jargões de outras campanhas, números para cá e para lá, textos de marqueteiros repetidos dos programas eleitorais, nada de novo que possa mudar o rumo da campanha eleitoral.

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Por Ricardo Kotscho

"Quem ganhou?, costumam me perguntar sempre no dia seguinte ao destes debates entre candidatos transmitidos ao vivo por redes de televisão, como se fosse fácil dar a resposta. Depois de perder mais de duas horas da minha vida, preencher 16 páginas de anotações e de lutar bravamente contra o sono, acordei nesta quarta-feira sem nenhuma vontade de escrever sobre o assunto. Me deu um sentimento misto de tristeza, fastio e vergonha alheia diante do que vi e ouvi.
Espero que nenhum estrangeiro tenha assistido a este primeiro debate entre os presidenciáveis, promovido, como de hábito, pela Rede Bandeirantes, que só serviu para mostrar como o nosso país está pobre de lideranças políticas, falido de novas ideias e vazio de propostas para nos dar alguma esperança de que algo possa mudar para melhor nas eleições de 5 de outubro, qualquer que seja o resultado.
Para responder com honestidade à pergunta que abre este texto, sou obrigado a dizer que, infelizmente, não houve vencedores, apenas derrotados: nós, os eleitores. Um debate com sete candidatos e quatro jornalistas, empregando as mesmas regras rígidas e burocráticas do século passado, é um verdadeiro massacre para quem dele participa e para quem o assiste.
Trata-se de uma tragicomédia mambembe, que se arrasta sempre no mesmo diapasão, com ataques mútuos entre os candidatos, velhos jargões de outras campanhas, números para cá e para lá, textos de marqueteiros repetidos dos programas eleitorais, nada de novo que possa mudar o rumo da campanha eleitoral.
Vou deixar de lado meu calhamaço de anotações sobre os muitos embates entre os que querem presidir o nosso país, que nada acrescentaram ao que todos já pensávamos deles antes do programa começar. Ninguém surpreendeu ninguém, ganhou ou perdeu votos. A cobertura completa pode ser encontrada aqui mesmo no R7, não preciso repetir. Para não aborrecer o leitor, limito-me a transcrever algumas conclusões a que cheguei nos intervalos do debate.
Dos sete personagens perfilados ao lado de Ricardo Boechat no palco, na verdade apenas três estão de fato disputando a eleição, desde o início da campanha: Dilma, Marina e Aécio (este cada vez com menos chances de ir ao segundo turno, como se pode ver no post anterior). Os outros só fazem figuração. Todos os nanicos juntos registraram apenas 3% no último Ibope, quer dizer, estão fora do jogo, mas fazem de conta que a candidatura deles é para valer. "Eu eleito presidente da República...", repetiu um deles à exaustão ao iniciar suas intervenções. E a gente finge que acredita.
Parece um disco quebrado. Qualquer que seja a questão, os três que buscam uma vaga no segundo turno dão um jeito de puxar o assunto para seus bordões: Dilma declama todas as realizações dos governos petistas e atribui todos os problemas da economia à crise internacional; Marina prega a reinvenção da política com um governo de união nacional, sem explicar como pretende fazer isso, e Aécio não consegue sair do discurso sobre todas as desgraças nacionais causadas pelo atual governo, sem deixar de falar das belezas promovidas por ele nas suas administrações em Minas Gerais. Ficamos nisso.
O resultado dessa chatice também foi medido pelo Ibope, que acabara de divulgar a nova pesquisa presidencial e registrou a audiência do debate: com 5% de média, a Bandeirantes ficou em quarto lugar. A cada ano, o interesse pelo programa _ e pela política _ diminui.
Vida que segue.

Fonte: R7

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