quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

OS CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE



DESTAQUE

Sem embargo, isto é o oposto do ensinamento de Cristo, que disse que o cumprimento da Vontade de Deus é o único critério seguro de estar no caminho da salvação: “Nem todo aquele que me disser: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus, este entrará no Reino dos Céus” (Mt 7,21).
São João da Cruz resume assim esta doutrina: “PORTANTO DIGO QUE DE TODAS ESTAS APREENSÕES E VISÕES IMAGINÁRIAS E OUTRAS QUAISQUER FORMAS OU ESPÉCIES (…), QUER SEJAM FALSAS, E DA PARTE DO DEMÔNIO, QUER SE PERCEBAM SER VERDADEIRAS, E DA PARTE DE DEUS, O ENTENDIMENTO NÃO HÁ DE SE EMBARAÇAR NEM NUTRIR-SE NELAS, NEM AS TEM A ALMA DE QUERER ADMITIR, NEM AS DEVE TER, PARA PODER ESTAR SOLTA, DESNUDA, PURA E SIMPLES” (Subida ao Monte Carmelo, Lib. II, Cap. 16)

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É falsa a afirmação de que ‘os primeiros cristãos se consideravam representantes não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo’.A verdade é que Cristo enviou os Apóstolos a ensinar a todas as gentes. Pois bem, ensinar é, antes de tudo e, sobretudo, aceitar e transmitir uma doutrina; a experimentação é algo muito subjetivo e por isso mesmo sujeita a ilusões ou falsas sensações.
A ‘tese da experiência e da Fé’ é a tese de Lutero, não de Cristo, que veio ‘dar testemunho da Verdade’ (Jo 18,37) e que nos ensinou uma doutrina bem definida a respeito do Pai, de Si mesmo e do Espírito Santo; de sua Igreja, dos Sacramentos, etc. Ele exigia que seu ensinamento fosse aceito com fé, ‘o que crê e for batizado, será salvo; mas o que não crê, será condenado’ (Mc 16,16)
São Paulo escreveu com duras reprovações aos Gálatas (1,8) porque se desviaram de seu primitivo ensinamento e lhes dizia que se ele mesmo ou um anjo lhes ensinasse uma doutrina diferente da que lhe havia ensinado no início, devia ser considerado anátema. Os Apóstolos e os primeiros cristãos estavam muito interessados na doutrina, e muito pouco no sentimento e na experiência.

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RCC: cuidado!

CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE
Salve Maria!

Ainda recebo alguns recados no Orkut, de ‘carismáticos’ buscando defender a todo custo seu movimento e usando argumentos ‘legalistas’ na sua defesa. Visando esclarecer melhor a estes carismáticos, publico abaixo o estudo “OS CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE”, tradução minha encontrada no site http://www.cristiandadfm.com/documentos/desmitif-carismaticos.htm.

 Espero que o mesmo sirva para esclarecer os menos informados do engodo que é o Movimento Carismático (recomendo também a leitura do artigo “MANIPULAÇÕES PSÍQUICAS DO MOVIMENTO CARISMÁTICO”, encontrado também neste blog).


OS CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE
(do original: LOS CARISMÁTICOS – ENGAÑO A LA PIEDAD)
TRADUÇÃO DE JORGE LUIS


O Pentecostalismo é uma heresia que conseguiu infiltrar-se na Igreja com o fim de debilitá-la desde o seu interior. Anda de mãos dadas com o Modernismo, e também o reforça; os dois movimentos procedem da mesma maneira e se apóiam reciprocamente neste trabalho de demolição. Ora, se o Modernismo intenta destruir a Igreja quanto à doutrina, o pentecostalismo o faz quanto ao culto. Ambos se disfarçam com pele de ovelha; por isso sua terminologia é muito similar à católica. Com palavras piedosas e seu proceder externo podem enganar inclusive a pessoas mais cautas, e por isso é preciso esquadrinhar sob esta roupagem; para desmascarar os lobos que se escondem em seu interior.
O pentecostalismo é um movimento subversivo controlado e cuidadosamente dirigido pelos inimigos ocultos da Igreja com o fim de chegar à sua ruína total. Promete a seus adeptos a plena experiência do Espírito Santo que tiveram os Apóstolos no dia de Pentecostes, junto com alguns dos dons externos, que receberam, especialmente os de língua, curas e profecia.
A esta extraordinária experiência chamam Batismo do Espírito, que dizem transmitir e receber com a imposição das mãos, ao estilo de outros ritos de nossa Santa Madre Igreja.
Os adjetivos ‘pentecostal’ e ‘carismático’ indicam perfeitamente o caráter deste movimento: pentecostal se refere à plenitude do Espírito Santo recebido no primeiro Domingo de Pentecostes, enquanto carismático alude aos carismas, ou dons extraordinários que acompanharam ao dom do Espírito Santo naquele dia.
A partir desta terminologia é que muitas pessoas se enganam, porque entendem que o movimento pretende simplesmente oferecer preces especiais e intensificar a devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade; se estes fins e os efeitos consequentes fossem verdadeiros, superariam bastante os produzidos pelos sete Sacramentos instituídos por Jesus Cristo.
Mas isto não é assim; as pretensões deste movimento seguem outros caminhos, como veremos, pelo qual o Movimento Carismático e a Igreja Católica não podem estar de acordo. Como demonstraremos neste trabalho, se a Igreja é verdadeira então o pentecostalismo é falso, e o contrário, se o pentecostalismo é verdadeiro, a Igreja Católica é falsa; mas como a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana não pode ser falsa, se segue que o pentecostalismo é falso e deve ser rejeitado, não somente como um movimento eclesial mas como uma espécie de seita, de pseudo-religião, que – lamentavelmente – está infiltrada no próprio seio da Esposa de Cristo.
É mister examinar o movimento por distintos pontos de vista; ao fazê-lo, será impossível evitar repetições que, sem embargo, nos ajudarão a ter uma ideia mais completa possível deste movimento que toca os próprios fundamentos da piedade cristã.


UMA CONSTRUÇÃO SOBRE AREIAS MOVEDIÇAS
Doutrinariamente, o movimento está construído sobre areias movediças. Com efeito, qualquer um que queira analisá-lo à luz do ensinamento infalível da Igreja e de sua Tradição autêntica, se encontraria frente a algo inalcançável.
O movimento afirma fundar-se na experiência pessoal e encontrar-se sob a inspiração direta do Espírito Santo, coisas que ninguém pode controlar, e que os adeptos desta organização se ocupam de torná-las indemonstráveis, a partir de considerar essa inspiração e essas experiências como inquestionáveis, pelo mesmo fato de afirmá-las, transmiti-las e difundi-las. Ademais, como dizem os carismáticos, um movimento tão pleno de vida não pode definir-se e conter-se nos limites de fórmulas doutrinais; daí se segue que o Movimento Carismático não possui uma doutrina sólida, mas somente vagas afirmações, referências inconsistentes ao Novo Testamento, e formulações temporárias. Em suma é uma sombra evanescente
Seus líderes mesmo o admitem. “Orientações teológicas e pastorais sobre a Renovação Carismática Católica” é um dos documentos mais importantes do movimento. Foi preparado em Malinas, Bélgica, de 21 a 26 de maio de 1974 por alguns ‘experts’ internacionais, sob a guia do Cardeal León Suenens, que – como nos informa o documento – ‘teve parte na discussão e formulação do texto’ (Prefácio). Também se diz que ‘o documento não é exaustivo e se requerem ulteriores estudos (…) esta afirmação representa uma das ideias mais repetidas (…) o texto se apresenta como uma tentativa de resposta às principais perguntas que suscita o movimento carismático’ (Prefácio). Em outras palavras, os autores não sabem o que eles são: ‘cegos guiando cegos’. (Mt 15,14)
Quando passamos ao texto, nos deparamos com uma infinidade de afirmações vagas, meias afirmações, tentativas de respostas e opiniões. A duras penas se fazem algumas distinções; sem embargo as distinções são justamente a base e a fonte de qualquer argumento teológico; sem elas é impossível distinguir o verdadeiro do falso, ou a mera opinião, ou uma hipótese, da doutrina segura.
Tome-se como exemplo a passagem da página 21 entitulada: “A experiência religiosa pertence ao Testemunho do Novo Testamento”, onde se afirma:
“A experiência do Espírito Santo é a contra-senha de um cristão e, em parte, com ela os primeiros cristãos se distinguiam dos não-cristãos. Se consideravam representantes, não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo. Este Espírito era um fato vital, concreto, que não podiam negar sem negar que eram cristãos. O Espírito lhes fora infundido e o haviam experimentado individual e comunitariamente como uma nova realidade. A experiência religiosa, é preciso admitir, pertence ao testemunho do Novo Testamento: se se quita esta dimensão da vida da Igreja, se empobrece a Igreja.”
Seria difícil juntar em um parágrafo tantas verdades, falsidades e meias verdades.
O texto é escorregadio, soa como algo piedoso e, para o ignorante, também convincente; mas na realidade é falso.
É falsa a afirmação de que ‘os primeiros cristãos se consideravam representantes não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo’. A verdade é que Cristo enviou os Apóstolos a ensinar a todas as gentes. Pois bem, ensinar é, antes de tudo e, sobretudo, aceitar e transmitir uma doutrina; a experimentação é algo muito subjetivo e por isso mesmo sujeita a ilusões ou falsas sensações.
A ‘tese da experiência e da Fé’ é a tese de Lutero, não de Cristo, que veio ‘dar testemunho da Verdade’ (Jo 18,37) e que nos ensinou uma doutrina bem definida a respeito do Pai, de Si mesmo e do Espírito Santo; de sua Igreja, dos Sacramentos, etc. Ele exigia que seu ensinamento fosse aceito com fé, ‘o que crê e for batizado, será salvo; mas o que não crê, será condenado’ (Mc 16,16)
São Paulo escreveu com duras reprovações aos Gálatas (1,8) porque se desviaram de seu primitivo ensinamento e lhes dizia que se ele mesmo ou um anjo lhes ensinasse uma doutrina diferente da que lhe havia ensinado no início, devia ser considerado anátema. Os Apóstolos e os primeiros cristãos estavam muito interessados na doutrina, e muito pouco no sentimento e na experiência.
O resto do parágrafo e todo o capítulo que trata de Fé e experiência são uma obra prima da confusão. Tome-se, por exemplo, esta passagem: ‘o Espírito Santo foi infundido sobre eles e foi experimentado por eles individual e comunitariamente como uma nova realidade.’ Isto implicaria, ainda que os autores cuidem de não comprometer-se com uma afirmação categórica, que todos os cristãos da era apostólica receberam a efusão do Espírito Santo e tiveram a mesma experiência que os Apóstolos no dia de Pentecostes, com os mesmos fenômenos místicos e milagres. Mas isto é falso: não há nada no Novo Testamento, nos escritos dos Padres, ou no ensinamento oficial da Igreja, que nos diga que sucedeu-se assim.
O Novo Testamento, é verdade, narra casos particulares nos quais o Espírito Santo desceu de maneira extraordinária sobre alguns dos novos cristãos, mas foram casos raros e isolados. Inclusive no primeiro dia quando foram batizadas três mil pessoas (At 2,41-47), os primeiros convertidos da Igreja, não há indícios de que se produzira algum milagre entre eles, mas apenas a conversão. Tem mais; estavam atemorizados porque viam os Apóstolos realizar prodígios e milagres; e se tinham temor é porque essas maravilhas não eram comuns e somente realizadas pelos Apóstolos.
Ademais as palavras sobreditas confundem duas coisas distintas: a íntima paz e alegria, que são próprias de um verdadeiro cristão (paz e alegria que superam todo sentido e compreensão humana e que nada pode arrebatá-la), com a experiência extraordinária e mística, com carismas maravilhosos, concedida aos Apóstolos no dia de Pentecostes e a algumas almas privilegiadas ao longo dos séculos.
Ocasionalmente Deus concede tais dons divinos aos filhos dos homens, mas de nenhum modo se devem ao homem, nem são prometidos a todo cristão, nem são necessários para santificar-se.


ANTECEDENTES E ORIGENS DO PENTECOSTALISMO
Hoje em dia a Igreja está sendo criticada tacitamente em muitos de seus autênticos ensinamentos, sobre a base do que as pessoas creem serem ‘novas’ intuições e ‘novas’ doutrinas. Na realidade não são novas, mas simplesmente velhos erros revestidos com novas roupas, novas somente para aqueles (e são legiões) que esqueceram o conhecimento do passado. O Antigo Testamento afirma que ‘não há nada novo sob o sol’ (Ecl 1,9). Nada, nem sequer o pentecostalismo.
Seria interessante esboçar a origem, o desenvolvimento e o caráter das heresias que desenvolveram estes novos movimentos, mas isto nos levaria muito tempo. Sem embargo, há uma coisa comum a todas elas: seus fundadores e seguidores sustentam ter intuições sob o ensino e inspiração do Espírito Santo.
No tempo de São Paulo havia hordas de falsos profetas, que roubavam afirmando falar sob a inspiração ou em nome do Espírito Santo e perturbavam as comunidades cristãs de recente fundação. Depois vieram os gnósticos e foram os primeiros hereges oficiais; se relacionavam com os Apóstolos, e são João escreveu seu Evangelho para por em alerta aos cristãos contra suas falsas doutrinas.
Um tipo particular de pentecostalismo apareceu no séc. II; fundado por um tal Montano, que afirmava falar sob a inspiração do Espírito Santo. Ele e seus seguidores sustentavam possuir a plenitude do Espírito Santo e seus carismas; em particular, afirmavam possuir, com seus êmulos modernos, o dom de curas, de profecia e de línguas. Seus seguidores foram inúmeros, o mesmo que hoje são inúmeras as vítimas do pentecostalismo; e também como hoje, entre suas vítimas haviam algumas situadas em postos altos da Igreja e com capacidades intelectuais pouco comuns. O mesmo Tertuliano, que escreveu brilhantemente sobre a Igreja Católica e a defendeu contra seus inimigos, finalmente caiu vítima do montanismo, se separou do Papa e fundou sua própria seita.
Os séculos XII e XIII conheceram multidões de ativos puritanos que se jactavam de ter uma especial iluminação do Espírito Santo; como os modernos pentecostais, viajavam sem parar de um lugar para outro, pregando seu próprio evangelho. Alguns sobrevivem hoje, outros não deixaram seguidores; poderíamos citar os albigenses, valdenses, cátaros, os pobres de Lyon, etc. Todos fundamentaram suas crenças e práticas estranhas em sua interpretação particular, distorcida e separada do Magistério, das Sagradas Escrituras, e tentaram menosprezar e destruir no que fosse possível a Igreja Católica.
Mas foi Lutero quem conseguiu arrebatar a Igrejas nacionais inteiras. Lutero, um sacerdote católico desviado, sustentava que ele e seus seguidores possuíam “a plenitude do Espírito Santo”, uma vez que a negavam dos bispos, dos Papas e inclusive como sustento e iluminação dos Concílios Ecumênicos. Daí que o protestantismo, por sua mesma natureza, chegou a ser o berço e terreno de cultivo do moderno pentecostalismo.
O movimento carismático moderno ou pentecostal, de fato, nasceu do Protestantismo na Carolina do Norte (EUA); a época oficial de nascimento foi o ano de 1892; seus fundadores foram o Rev. R. G. Spurling e o Rev. W. F. Bryant, o primeiro era pastor batista, o segundo pastor metodista. O movimento foi bem recebido por outras comunidades protestantes contemporâneas a eles.
Estes pentecostais afirmavam possuir a mesma plenitude do Espírito Santo que os Apóstolos receberam no dia de Pentecostes, junto com alguns carismas também outorgados aos Apóstolos nessa ocasião; em particular os dons de profecia, curas e línguas. Como o resto de seus irmãos protestantes, afirmavam que o Espírito Santo intervém diretamente na interpretação pessoal da Sagrada Escritura. Rechaçavam também todos os dogmas, porque sustentavam que o Espírito Santo inspira diretamente aos fiéis no que é necessário crer para sua salvação; daí que no movimento não havia lugar para nenhum tipo de magistério, porque a piedade cristã era vivida de forma pessoal, sem guias hierarquizados mas de maneira entusiástica, inclusive com emotividade e exaltação extremas.
Era esperado que um movimento deste gênero se transformasse em um caos. Isto deveria abrir-lhes os olhos e fazê-los mudar de caminho, pois o Espírito Santo não produz o caos; em vez disso, os pentecostais protestantes explicaram o fenômeno dizendo que a confusão era inevitável em um movimento vivo e em expansão. Uma observada nos organismos vivos ao nosso redor lhes ensinaria que a vida sã se desenvolve harmoniosamente e produz coisas boas, enquanto a vida que se desenvolve caoticamente não pode produzir mais que monstros e abortos da natureza.
A Igreja Católica julgou o movimento pelo que era, e no segundo Concílio Plenário de Baltimore (EUA) os bispos católicos puseram em alerta os fiéis para não prestar-lhe nenhum tipo de adesão. Proibiram aos católicos inclusive de estarem presentes, ainda que por mera curiosidade, nos chamados encontros de oração.
A Igreja, sem embargo, não conheceu um movimento assim em seu interior por séculos, e os católicos se livraram do contágio até 1966, quando chegou à Igreja por meio de dois leigos, ambos professores de Teologia na Universidade de Duquesne, Pittsburgh, Pennsylvania (EUA). Se chamavam Ralph Keifer e Patrick Bourgeois; eles leram, releram e discutiram dois livros sobre o movimento pentecostal protestante: “A Cruz e o Punhal”, do pastor Wikerson e “Eles Falam em Línguas”, do jornalista J. Sherill.
Em seu desejo de reacender a chama da Fé nos estudantes universitários, pensaram erroneamente que Deus tinha posto em suas mãos um meio providencial. Em sua luta contra a apatia e a descrença dos universitários, tinham necessidade daquele poder que criam que Wikerson possuía.
Estudaram e reestudaram durante dois meses seguidos; logo releram algumas passagens da Carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 12) e dos Atos dos Apóstolos, que serviram como base teológica ao movimento, e por fim se dirigiram a um grupo de oração pentecostal protestante para receber… o Batismo do Espírito.
E assim foi como em 13 de janeiro de 1967, em um encontro de oração, se impôs as mãos em Ralph Keifer e em Patrick Bourgeois, que receberam o Batismo do Espírito junto com o exaltante dom de ‘orar em línguas’. Seu entusiasmo se inflamou; convenceram aos estudantes a provar da mesma experiência, e no encontro de oração seguinte o mesmo Keifer impôs as mãos sobre alguns estudantes, que subitamente receberam o Batismo do Espírito com vários ‘dons extraordinários’.
Desde então o movimento se difundiu amplamente em toda a Igreja Católica. Tem ganhado seguidores inclusive entre Cardeais e Bispos, e naturalmente atrai, como uma irresistível calamidade, a milhares de religiosas, desejosas de experimentar o que crêem ser as emoções do primeiro Pentecostes.
Mas é necessário destacar ainda uma vez mais que não existe um movimento carismático ‘católico’. O movimento não é católico, mas protestante. Não nasceu na Igreja Católica, mas foi importado a ela a partir das seitas pentecostais protestantes, nas quais nasceu.
É protestante até a sua medula; é filho da heresia; considerá-lo católico seria dizer que pode haver um autêntico movimento carismático católico e protestante, como se o Espírito Santo pudesse assumir diversas formas obrando na Igreja Católica ou nas diversas seitas protestantes.
Ainda que durante dois mil anos a Igreja não tenha conhecido nenhum Batismo do Espírito, e ainda que o movimento provenha da heresia, o fenômeno se estendeu como um incêndio. Como pode acontecer uma coisa assim?
A resposta, pensamos, antes de mais nada, é esta: o movimento carismático promete uma conversão imediata e uma santidade imediata. Além disso, é permissivo especialmente a partir do ponto de vista moral. Quem renunciaria a tão preciosos dons a um preço tão baixo?
Para os que apresentam objeções, têm uma resposta pronta e aparentemente convincente: “por que põem objeções? Acaso não vê que muitos sacerdotes, bispos e inclusive cardeais e o Papa respaldam o movimento? É claro que não há nenhum mal nele”. É evidente que o engano diabólico no movimento carismático ofusca a massa de superficiais que saem em busca de clamoroso êxito e de resultados imediatos, esquecendo que o caminho da santidade autêntica e do apostolado eficaz e duradouro é feito de de abnegação, silêncio, mortificação, humilhação, e também de aparentes fracassos: “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, não produz fruto.” (Jo 12,24)
Deve-se advertir que se entre os seculares e em algumas religiosas se pode presumir a ‘boa fé’, não é assim nos eclesiásticos que estão em situação de compreender esta diabólica fraude. Algum deles são demolidores da Igreja Católica conhecidos demais para não se suspeitar outra de suas manobras de destruição.
O caso do reconhecimento pontifício está relacionado com a boa disposição que existe atualmente para reconhecer os movimentos. Mas devemos esclarecer que ao momento de solicitar a aprovação podem apresentar-se postulados “para ser aprovados” e logo no quadro da atual desobediência que reina na Igreja fazer o que quiserem.
Isto é fácil de comprovar ao conhecer alguns postulados que, como veremos nos próximos capítulos, são insultantes para com Deus, para com os Santos e para com a Igreja. O Papa jamais aprovaria um movimento que tenha entre suas práticas “perdoar a Deus” como os Carismáticos. Nunca, jamais, o sucessor de Pedro aprovou nem aprovará estas coisas.
Alguns pensam que o próprio sucesso do movimento fala a seu favor; sustentar isto seria um grave erro; a história ensina que todos os movimentos heréticos, particularmente em seus inícios, receberam o respaldo entusiasta de muitíssimos cristãos, inclusive nas ‘alturas’ da hierarquia católica.
Aqui é necessário esclarecer que criticar o Movimento Carismático não é estar contra o Espírito Santo. Como poderia ser assim? O Espírito Santo é a mesma alma da Igreja, o próprio princípio de sua vida sobrenatural.
Se fosse possível demonstrar que procede do Espírito Santo, o Movimento Carismático teria direito a que todos o apoiassem; mas se não é assim, então estamos obrigados a combatê-lo até sua destruição, porque só dois podem ser as fontes de sua existência: Deus ou Satanás.
Se vem de Deus, todos nós devemos aderir a ele; se vem de Satanás, todos nós devemos combatê-lo.
Agora bem; quando se examina o movimento à luz da sã Teologia, a conclusão inevitável é que o pentecostalismo e portanto o Movimento Carismático, ainda que se autoproclame católico não vem do Espírito Santo (e portanto vem de Satanás).


PRETENSOS FUNDAMENTOS ESCRITURÍSTICOS
1) O Movimento busca sua justificação sobretudo nos capítulos de 12 a 14 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios. Mas a semelhança entre o movimento carismático – pentecostal e o que aconteceu em Corinto é apenas superficial; os dois fenômenos concordam unicamente em que ambos pretendiam receber do Espírito Santo alguns carismas, como o dom de línguas, curas e de profecia. Diferem no resto.
a) Ao contrário do movimento carismático – pentecostal, em Corinto, não houve Batismo no Espírito, não houve imposição das mãos, não houve tentativas de organizar encontros de oração ou retiros com a intenção de se distribuir o Espírito Santo;
b) Das cartas de São Paulo se deduz com evidência que o fenômeno não estava generalizado entre a Igreja apostólica, mas que estava limitado a Corinto, e que em seguida se comprovaram muitos abusos. Por outra parte, não houve nenhum intento por parte de São Paulo ou de outro Apóstolo ou discípulo de difundi-lo em outros lugares, com o fim de sustentar a piedade dos fiéis. Por fim, os impropérios de São Paulo tiveram o efeito de uma ducha de água fria sobre o movimento, que de repente desapareceu e não se ouviu falar dele na Igreja até 1966. Os pentecostais modernos, por sua parte, não economizam esforços para difundir o movimento em todo o mundo.
c) Em Corinto os católicos falavam “línguas estranhas”, ao contrário dos pentecostais que emitem “sons estranhos” [sussurros].
Eram verdadeiras línguas, ainda que desconhecidas aos presentes. Isto é evidente pela “unânime interpretação dos Padres da Igreja” e inclusive pelas repetidas reprovações do próprio São Paulo: “Há no mundo grande quantidade de línguas e todas são compreensíveis. Porém, se desconhecer o sentido das palavras, serei um estrangeiro para quem me fala e ele será também um estrangeiro para mim”. (1Cor 14,10-11)
Afinal, o mesmo São Paulo diz possuir o dom e que o possui com mais plenitude que eles (1Cor 14,19). E assim era justo que fosse, pois devia pregar o Evangelho a diversos povos. Como poderia aprender tantas línguas tão rapidamente? Deus, para tanto, obrou nele o mesmo milagre que havia obrado nos outros Apóstolos no dia de Pentecostes.
Pelo contrário, os pentecostais – carismáticos emitem sons ininteligíveis (sussurros), e o balbuciar não pode ser linguagem da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que é Espírito de grande Sabedoria e Verdade.
d) Os pentecostais não levam em conta os conselhos de São Paulo, e, portanto, se tornam inábeis para receber o Espírito Santo.
De fato, São Paulo, ainda que não proíba aos Coríntios profetizar e falar em línguas, repete insistentemente que o dom de línguas é o menos importante entre os carismas, e que não deve buscar-se ansiosamente. Quando se apresenta o caso autêntico de uma pessoa que fala em línguas, deve fazê-lo com discrição e de maneira decorosa, e enquanto não houver nada que se compreenda ou nenhum intérprete presente, deve calar-se.
São Paulo põe em evidência que o fiel deveria ambicionar não estes dons, mas as grandes virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade. Conclui dizendo que “as mulheres devem se calar na assembléia”, porque não lhes é permitido falar, mas que devem estar sujeitas, como diz também a Lei, porque “é indecoroso para uma mulher falar na assembléia” (1Cor 14,34-35)
Os pentecostais, sem embargo, fundando-se insistentemente na Epístola de São Paulo, não levam em conta os conselhos e as normas prescritas em nome de Deus, tornando-se assim inábeis para receber o Espírito Santo e seus dons. De fato, aspiram ao dom de línguas e o consideram como a prova irrefutável da efusão do Espírito Santo. As mulheres, pois, não só falam na igreja, mas são as mais ativas em organizar encontros de oração carismática, em profetizar, em ver sinais do Espírito Santo, em realizar curas (de sua natureza e de sua causa se falará a seguir) e em impor as mãos em todos.
Distantes de escutar as palavras de São Paulo, os líderes do movimento fazem todos os esforços para atrair as mulheres; eles intentam justificar sua aberta desobediência à palavra de Deus afirmando que a proibição de São Paulo de permitir às mulheres falar na Igreja foi sugerida por causa das limitações impostas pela cultura que viviam. Hoje a cultura mudou radicalmente, e assim, pretendem eles, o mandato de São Paulo não é atual; como de costume; os pentecostais carismáticos tergiversam e manipulam a Sagrada Escritura para adaptá-la a seus próprios fins.
A verdade é que no mundo pagão, nos tempos de São Paulo, havia muitas mulheres que pretendiam profetizar e falar em nome dos deuses. Mas São Paulo não tem em conta os costumes e hábitos culturais, mas que apela à Lei de Deus: “como diz a Lei” (ibidem).
Qual pode ser, então, o verdadeiro motivo, ainda que oculto e inconfessável, de todos os esforços para persuadir às mulheres de que venham a aderir ao movimento? Cremos que acontece porque se acautelam de que, por sua natureza emotiva, as mulheres podem ser manejadas mais facilmente que os homens para ‘crerem-se’ movidas pelo Espírito Santo.
2) Os pentecostais se apóiam também em alguns episódios dos Atos dos Apóstolos, especialmente a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Buscam trazer à mente de todo cristão aquela grande experiência mística: “por que – dizem – deve se privar um cristão daquele dom incomparável, tão necessário para uma vida cristã fervorosa?”
A resposta é a seguinte:
a) No primeiro Pentecostes, a experiência mística e sensível do Espírito Santo, junto com os carismas de línguas, profecia, curas e semelhantes, não foi concedida a todos, mas apenas aos Apóstolos e, provavelmente, aos discípulos presentes no Cenáculo. Certamente não se concedeu aos três mil convertidos que foram batizados naquele dia; sem embargo, os Apóstolos falavam em uma língua, enquanto que os ouvintes lhes ouviam cada um falarem sua própria língua. Obviamente os Apóstolos falvam aramaico com seu sotaque Galileu, mas a gente lhes ouvia falar em grego, latim, parto, elamita, etc; evidentemente, é bem distinto do que acontece nos encontros carismáticos de oração.
b) Os pentecostais se remetem também ao capítulo 8 de Atos, onde se lê que em Samaria o diácono Felipe converteu e batizou muitas pessoas. Quando os Apóstolos, em Jerusalém, ouviram o que acontecera em Samaria, mandaram a Pedro e João, que ao chegar impuseram suas mãos sobre os novos batizados, que receberam o Espírito Santo.
Obviamente se trata do sacramento da Confirmação, cujo ministro ordinário é o Bispo. Esta é a interpretação constante da Igreja. Felipe, ainda que diácono, fazedor de milagres, grande pregador, e que havia administrado o Batismo, não se atreveu a impor as mãos a seus novos batizados, porque este estava reservado aos Apóstolos, que eram Bispos.
3) Outro episódio ao que se remetem os carismáticos é a conversão de São Paulo, quando Ananias lhe impôs as mãos dizendo-lhe: “Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo. No mesmo instante caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. Depois tomou alimento e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se achavam em Damasco.” (At 9,17-19)
Os carismáticos insistem neste episódio para justificar a imposição das mãos praticada por eles. Mas novamente estamos diante de uma interpretação evidentemente errada.
Ananias era provavelmente sacerdote e, de todas as maneiras, não ia impondo as mãos nas pessoas para dar o Espírito Santo; teve uma visão e um mandato especial para este caso particular: “O Senhor lhe ordenou: Levanta-te e vai à rua Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo; ele está orando.” (At 9,11) Isto não tem nada a ver com as pretensões dos carismáticos.
4) Ainda assim há outros dois episódios aos que apelam os pentecostais:
a) O primeiro é referido no capítulo 19 de Atos (1-7), quando São Paulo encontrou em Éfeso doze discípulos de João Batista. Depois de lhes instruir sobre Cristo, batizou-os em nome do Senhor Jesus, e depois que “que lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar.” (At 19,6) Mas este é mais um caso de administração da Confirmação por parte de São Paulo, que era Bispo.
b) Outro episódio é a conversão de Cornélio e de seus familiares:” Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa) palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus.” (At 10,44-46)
Uma vez mais é preciso refutar com firmeza que isto constitua uma justificação do movimento carismático. São Pedro não foi a Cesaréia para impor as mãos e conferir o Espírito Santo; foi levado até ali através de uma revelação especial, e o Espírito Santo desceu enquanto lhes falava para instruir aos ouvintes sobre Cristo e sua missão. Deus operou um grande milagre, inclusive antes que Cornélio e os seus fossem batizados, porque eram os primeiros gentios a serem acolhidos oficialmente na Igreja e se necessitava que ficasse bem claro a todos os cristãos ‘da circuncisão’, tão convencidos da idéia de que ninguém fora do povo eleito poderia entrar no reino messiânico, de que a partir de então os gentios seriam convidados a participar dos benefícios da Redenção.
De volta a Jerusalém, São Pedro foi asperamente criticado pelos judeus pelo que tinha feito em Cesaréia, mas ele se defendeu de seus acusadores com estas concisas palavras: “Pois, se Deus lhes deu a mesma graça que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, com que direito me oporia eu a Deus?” (At 11,17)
Fora destes textos citados, quase esporádicos, não há nenhuma outra prova de que semelhante efusão externa do Espírito Santo tenha acontecido na Igreja Apostólica, nem sequer, como já se sublinhara, no dia de Pentecostes, quando depois da pregação de São Pedro três mil pessoas foram batizadas.
Além do mais, Cristo jamais prometeu tais experiências místicas e dons extraordinários, nem deu disposições para transmiti-los por meio de ritos particulares. Mais exatamente, Ele instituiu o sacramento da Confirmação, que a Igreja sempre tem administrado e através do qual cada cristão participa na efusão do Espírito Santo.
A Confirmação, sem embargo, não confere o Espírito Santo com sinais externos e milagrosos, tão alheio ao Espírito de Cristo, mas silenciosamente e de maneira misteriosa, como os outros sacramentos.
Durante seus dois mil anos de vida, a Igreja Católica jamais conheceu o “Batismo do Espírito”, tal como nos querem ensinar os pentecostais carismáticos; mas que tem ensinado, infalivelmente, desde o Concílio Ecumênico de Florença (1439) que a Confirmação é o Pentecostes de todo cristão; as palavras do Concílio são: “na Confirmação o Espírito Santo é dado para fortalecer ao fiel o mesmo que foi dado aos Apóstolos no dia de Pentecostes.” (Denz. 697)


O BATISMO DO ESPÍRITO

Como se disse, o ‘pentecostalismo’ e o ‘carismatismo’ eram desconhecidos na Igreja, tendo nascido no século XIX entre as seitas protestantes. Os dois leigos católicos Ralph Keifer e Patrick Bourgeois, que o introduziram na Igreja Católica, receberam o Batismo do Espírito das mãos de pentecostais protestantes; portanto, sua ação foi um insulto à verdadeira e única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseqüência, uma autêntica apostasia.
Eles, com seu ato, ainda que não com as palavras, declararam que a Igreja Católica não estava capacitada para dar-lhes o Espírito Santo por meio dos Sacramentos, os sacramentais, as bênçãos, o Sacrifício da Missa, a Comunhão, os retiros, as peregrinações, etc. Por isso se sentiram compelidos a buscá-lo fora, entre os pentecostais protestantes, onde se encontraria facilmente.
Agora bem, como podia o Espírito Santo comunicar-se a tais pessoas? Se foi assim, isto implicaria que a Igreja Católica não tem o direito de dizer que é a única e verdadeira Igreja de Cristo; por conseguinte, se o que afirma o Movimento Carismático é certo, todo católico deveria abandonar a Igreja e unir-se aos pentecostais protestantes, que foram ‘enchidos’ do Espírito Santo muito antes que a Igreja Católica soubesse algo dele.
Como pode um católico buscar o Espírito Santo em uma ‘igreja’ não católica, sem negar implicitamente a unicidade da Igreja Católica?
Se o considerado Batismo do Espírito fosse verdadeiro, seria na verdade um “Super-Sacramento”, instituído, sem embargo, não por Cristo, mas pelos homens. Naturalmente, os pentecostais ‘católicos’ negam que seja um sacramento, mas isto se deve à confusão e insegurança que invadem todo seu ensino doutrinário. Insistem na ‘experiência’ e não estão completamente seguros da ‘doutrina’. Nisto os pentecostais protestantes são mais coerentes: rechaçam qualquer Batismo de crianças e a Confirmação dos adolescentes, e no seu lugar pregam um batismo de fé para os adultos, que deve ser seguido pelo verdadeiro Batismo do Espírito.
Mas os pentecostais católicos não se atrevem a rechaçar estes sacramentos, porque seria uma clara heresia; sem embargo, a duras penas aludem a eles em seus ensinamentos, e aqui e acolá fazem afirmações surpreendentes, alheias à Fé. Tome-se, por exemplo, o que dizem Kevin e Dorothy Ranaghan no livro “Pentecostais Católicos”, considerado um dos clássicos do movimento:
“O Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa iniciação cristã. Para os católicos, esta experiência é uma renovação, que faz nossa iniciação concreta e explícita”. É difícil sondar a profundidade dos erros contidos nestas linhas, mas ainda assim, podem ser detectados. Em primeiro lugar, nesta afirmação se supõe que o Batismo do Espírito tem um significado distinto conforme se seja católico ou protestante, e, portanto, haveria um Batismo do Espírito para os protestantes e outro para os católicos.
Além do mais, se “o Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa iniciação cristã”, se segue dele que ninguém é autêntico cristão se não o recebeu, porque lhe faltaria algo fundamental na vida cristã. As conclusões seriam verdadeiramente surpreendentes: Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, São Francisco Xavier, Santa Teresa de Lisieux, São Pio X, todos os papas e bons cristãos anteriores a 1966, e posteriormente todos aqueles que se recusam receber o Batismo do Espírito ou que simplesmente não o tenham recebido, não seriam autênticos cristãos, já que estiveram privados de algo fundamental na vida cristã.
Isto implicaria também que haveria uma cristandade dentro da cristandade, uma raça eleita dentro do povo de Deus. Implicaria inclusive que durante dois mil anos a Igreja haveria privado seus filhos da plenitude do Espírito Santo. E que a Igreja se comportara com eles como uma madrasta indigna, até que os pentecostais trouxeram a plenitude do Espírito Santo ao seio da Igreja.
Quem poderia medir as dimensões deste estúpido e subjacente orgulho?
Os pentecostais católicos negam que o Batismo do Espírito seja um sacramento, mas sua negação contradizos seus atos. Um sacramento, na verdade, é um sinal externo que produz uma graça. Agora bem, o chamado “Batismo do Espírito” teria todos os elementos constitutivos de um sacramento: a imposição das mãos seria um sinal externo; a invocação ao Espírito Santo seria a forma; a efusão do Espírito será o efeito. Mas há mais. Se o “Batismo do Espírito” fosse verdadeiro, não seria um simples sacramento, mas um “Super Sacramento”, muito superior aos outro sete reconhecidos pela Igreja, porque:
a) Não produziria somente a graça, mas uma efusão dela semelhante em plenitude à produzida no dia de Pentecostes;
b) Além do mais, não produziria somente a graça na alma, mas também uma milagrosa efusão externa;
c) Por último, não produziria somente a graça interna e externa, mas que conferiria também dons milagrosos, como o dom de curas, profecia, línguas, etc.


TUDO ISTO, NATURALMENTE, É CONTRÁRIO À FÉ
Superficialmente se pode observar que os carismáticos não se mostram muito interessados nos sete dons do Espírito Santo, que se dão a todos os cristãos no Batismo e na Confirmação: os dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. É mais, inclusive no caso de alguns sacerdotes como o Padre Dario Betancourt, um dos líderes do movimento na América, os dons do Espírito Santo adquirem características novas e chagadas de mentiras.
Mas os verdadeiros dons do Espírito Santo são muito mais desejáveis que os secundários, como a cura, a profecia, o dom de línguas, etc., os quais não são necessários nem para a salvação nem para conseguir um alto grau de santidade, e que inclusive poderiam terminar em uma terrível armadinha, enquanto poderiam conduzir ao orgulho espiritual.
Se o que os pentecostais afirmam do Batismo do Espírito fosse verdade, onde se colocaria a Confirmação na vida cristã?
Os pentecostais católicos ou Renovação Carismática evitam a questão, e como não querem negar abertamente a Confirmação, colocam-na à parte. Ranaghan, no livro supra citado, propõe a questão nestes termos: “Se pode estar mais seguro do que quer dizer ‘estar batizado no Espírito Santo’, que do quer dizer ‘estar Confirmado’.”
Eles não sabem o que quer dizer estar confirmado! Sem embargo o ensino imemorial da Igreja é a infalível declaração do Concílio de Florença, em 1439: “a Confirmação é o Pentecostes de todo cristão.” Inclusive – como veremos mais adiante – alguns, como o já mencionado Padre Dario Betancourt, afirmam que ainda que se receba o Espírito Santo na Confirmação e no resto dos sacramentos, O ESPÍRITO SANTO ESTÁ COMO QUE LIGADO, PORÉM TRAVADO, ATÉ QUE O BATISMO DO ESPÍRITO DOS CARISMÁTICOS O LIBERA DE NOSSO INTERIOR E O FAZ SURGIR.
O dilema é, portanto, inevitável: ou o Batismo do ou no Espírito é verdadeiro e a Confirmação é falsa, ou pelo menos não é necessária; ou a Confirmação é verdadeira e o Batismo do Espírito é falsa.
As duas coisas não podem ser verdade.
Se um leigo, homem ou mulher, ou uma religiosa, ao impor as mãos, podem distribuir o Espírito Santo junto com alguns poderes milagrosos, que necessidade temos de bispos ou de sacerdotes? NENHUMA! Os pentecostais protestantes não têm necessidade deles; por que os católicos teriam de tê-la? Qualquer um poderia objetar que isto é levar as coisas longe demais. Afinal, os carismáticos dizem: “Que mal há na imposição das mãos? Então cada qual não pode impor as mãos e invocar o Espírito Santo?”
À primeira objeção se responde que isto não levar as coisas longe demais, mas sua lógica conclusão. Desgraçadamente os pentecostais seguem a “experiência” e não a “lógica”, e isto lhes tornam surdos à voz da razão. À segunda objeção se responde que todos somos livres para invocar o Espírito Santo, mas não são para impor as mãos com o fim de introduzir os fiéis no caminho ao qual querem lhes conduzir. Impor as mãos denota autoridade: Os patriarcas do Antigo Testamento impunham as mãos para abençoá-los. Cristo impunha as mãos sobre os Apóstolos para lhes conferir o Espírito Santo. Os Apóstolos, por sua vez, e depois deles os Bispos e Sacerdotes, impõe as mãos para consagrar e confirmar.
Mas que autoridade tem um leigo para impor as mãos sobre outro leigo, ou o que é pior, sobre um Sacerdote, ou sobre um Bispo ou um Cardeal? Quem lhes deu essa autoridade?
NÃO CRISTO, que estabeleceu o Sacramento da Confirmação para conferir o Espírito Santo; NEM A IGREJA, que nada sabe sobre o Batismo do Espírito; NEM O PRÓPRIO ESPÍRITO SANTO, posto que não há provas nas Escrituras ou na Tradição de que tenha conferido tal autoridade.
E não se objete que é um simples gesto que qualquer um pode fazer: não é um simples e inútil gesto. É um ato de ação “sacramental”, porque se faz uma petição fantástica (quase se poderia dizer sacrílega) para que, por meio deste ato, se produza uma efusão extraordinária do Espírito Santo, com experiência mística e carismas muito superiores aos que podem produzir os Sacramentos do Batismo, da Confirmação, da Ordem e verdadeiramente de qualquer outro sacramento.
Os carismáticos dizem que a efusão miraculosa do Espírito Santo se deve à fé: Cristo não havia dito que onde estivessem reunidos dois ou três em seu nome, Ele estaria no meio deles? Não afirmou que qualquer um que tivesse fé como um grão de mostarda, seria capaz de realizar grandes prodígios? Por que maravilhar-se então, se os carismáticos realizam coisas extraordinárias? A afirmação soa bem quando não se examina de perto. Mas na verdade Cristo prometeu que estaria que estaria entre aqueles que se achavam reunidos em seu nome, mas tem que ser em seu nome, isto é, entre aqueles que se reúnem para pedir o que agrada a Deus. Agora bem, Deus jamais prometeu tais experiências místicas, nem estas são de modo nenhum necessárias para nossa santificação. Deus nos pede fazer uso de todos os meios ordinários postos à nossa disposição: Confissão, Sacrifício da Missa, Comunhão, outros Sacramentos, etc.
Na realidade a busca da experiência extraordinária implica que os carismáticos não crêem no poder dos Sacramentos. Eles nem sequer crêem na presença do Espírito Santo, a menos que, como Tomé, o sintam e o toquem; e isto ficará certificado com as palavras do Padre Dario Betancourt, como veremos mais adiante. Aqui são oportunas as palavras de Cristo: “porque me viste, creste! Bem aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20,29) Parece que os pentecostais carismáticos esqueceram deste ensinamento de Cristo.


EXAME DOS PRETENSOS CARISMAS

DOM DE CURA: Ao ouvir os pentecostais ou carismáticos ou da Renovação Carismática ou no espírito, parece que estiveram caminhando sobre um tapete esmaltado de inúmeros milagres, que exibem como prova segura da origem divina do movimento. Sem embargo, para aceitar como autênticas as curas milagrosas se requerem três condições:
a) Que se excluam todas as causas naturais capazes de realizar uma cura súbita, o que não acontece, por exemplo, nas curas milagrosas reais ou verdadeiras de câncer ou na ressurreição dos mortos;
b) Que o suposto milagre se submeta a um exame atento por parte de médicos, cientistas e teólogos, como acontece, por exemplo, nos milagres de Lourdes ou nos que atribuem à Virgem e aos Santos;
c) Que a sentença final seja dada pela autoridade competente.
Agora bem, estas três condições não se dão no Movimento Carismático ou Renovação Carismática. Eles creem nos milagres pelo simples testemunho de quem dizem recebê-los; alguns “milagres” são de natureza trivial, outros de natureza psicológica, outros não duram permanentemente. Além disso, seria necessário examinar as causas de cada milagre em particular.
Existem três possíveis causas:
– Deus: mas neste caso deve-se estabelecer que são verdadeiros milagres, e em tal caso não deve haver nenhum traço de orgulho, de ostentação ou auto-satisfação, bem presentes no movimento carismático.
– Processos psicológicos: Por exemplo, põe-se uma grande ênfase no fato de que alguns convertidos abandonaram seu hábito de beber; mas é notório que os membros dos Alcoólicos Anônimos alcançam resultados similares por meio da ciência profana e com tratamentos que incluem técnicas psicológicas, sem nenhum recurso ao “espírito” invocado pelos carismáticos.
– O demônio: Pode, também ele realizar alguns “prodígios”, especialmente em uma atmosfera carregada de emoção, atmosfera que é a procurada nesses encontros multitudinários, que duram várias horas e de onde se relatam testemunhos e anedotas, com fundo de música percussiva, sincopada e forte; e o orador aos gritos. Ante estas circunstâncias se produzem fenômenos de tipo psicológico, a partir dos quais inclusive se chega a uma dissociação de consciência tão extrema que se liberam hormônios relaxantes e que adormecem, explicando assim os desaparecimentos de sintomas de dor, ainda que não diminuam em nada as enfermidades.
O mesmo Cristo nos alerta sobre esta possibilidade, porquanto nos avisara que viria um tempo em que os falsos profetas realizariam “milagres” ou “prodígios” para enganar, se fosse possível, até os eleitos. Com o movimento carismático se baseia em falsas premissas doutrinais, se torna fácil ao demônio infiltrar-se e extraviar as almas.

DOM DE LÍNGUAS – Embora já tenhamos dito algo deste argumento quando examinamos a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, podemos acrescentar alguma consideração, posto que os carismáticos-pentecostais apreciam muitíssimo este ‘dom’.
Até há pouco tempo eles o consideravam como prova definitiva da efusão do Espírito Santo. Isto implica como consequência que ao receber os Sacramentos nós não podemos estar seguros de ter recebido o Espírito Santo, toda vez que não há nenhum fenômeno externo; nem sequer em Sacramentos como o Batismo, Confirmação, Ordem, que foram instituídos justamente para conferir uma especial efusão do Espírito Santo. Nos Sacramentos, com efeito, nossa única garantia é a fé sincera na promessa de Cristo, atestada pela infalível autoridade da Igreja, posto que esta fé não se apoia quase nunca no sentimento ou na experiência.
Contrariados por tais objeções, os pentecostais católicos deixaram de considerar estes dons como a prova da efusão do Espírito Santo. Diante de tais contradições, o que devemos pensar? Com que autoridade estabelecem os critérios de sua fé? O Espírito Santo primeiro lhes induziu a crer que o dom de línguas é a prova definitiva, e depois que não é? Pode o Espírito Santo estar sujeito a tais contradições?
E se considerarmos a natureza do ‘carisma’, nossa perplexidade não pode mais que aumentar, porque as línguas que dizem falar os pentecostais-católicos não são de fato línguas humanas. São línguas estranhas, simples balbucios de sons ininteligíveis (que alguns chegaram a afirmar que era “a língua ou o linguajar dos anjos”), aos que se chama glossolalia. Já temos notado que as ‘línguas estranhas’ de que se fala nos Atos dos Apóstolos e na primeira carta de São Paulo aos Coríntios eram verdadeiras línguas, se bem que desconhecidas em sua maior parte aos presentes.
Os pentecostais, sem embargo, dão uma explicação e falam da possibilidade de orar “não objetivamente, de uma maneira pré-conceitual”. Esta é a definição dada por Le RenouveauCharismatique (ver Lumen Vitae, Bruxelas 1974):
“A possibilidade de orar não-objetivamente, de uma maneira pré-conceitual, tem um valor considerável na vida espiritual. Permite expressar com meios pré-conceituais o que não pode ser expresso conceitualmente. A oração em línguas é para a oração normal como a pintura abstrata, não representativa, é para a pintura ordinária. A oração em línguas requer um tipo de inteligência que até as crianças tem”.
Em primeiro lugar, não existe nada parecido na Tradição da Igreja, nos ensinos dos grandes mestres do espírito e dos grandes místicos da Igreja. E ainda que Cristo tenha ensinado aos Apóstolos e aos primeiros discípulos orar e dado até uma fórmula com a qual expressar seus próprios pedidos, Ele jamais orou de maneira ‘pré-conceitual’ e ‘não objetiva’, nem ensinou a seus discípulos a fazer algo parecido. Este gênero de oração implica que os murmúrios não correspondem à realidade objetiva, posto que são ‘não objetivos’, e que o Espírito Santo é incapaz de expressar a realidade divida em uma linguagem racional. MAS TUDO ISTO É FALSO. Os profetas, Cristo, os Apóstolos e depois os Santos no curso de vinte séculos, inflamados no Espírito Santo, foram capazes de expressar a mais alta Verdade em linguagem humana. A expressão, logicamente, é inferior à realidade, mas isto não se deve ao uso de uma linguagem ‘não objetiva’ ou ‘pré-conceitual’, mas ao fato de que quando o homem fala da realidade divina, necessariamente se expressa de forma analógica.
A este argumento dos carismáticos, ademais, seria necessário propor-lhes mais perguntas. Por exemplo; poderia ser que, longe de ser um dom do Espírito Santo, o ‘falar em línguas’ [sussurros] fosse uma fraude ou uma manifestação de processos psíquicos devido a uma explosão emotiva? Pode-se acrescentar que há, ao menos em alguns casos, outra possível fonte: Satanás, que pretende enganar aos homens imitando os milagres do primeiro Pentecostes.
Outro fenômeno que faz que o julguemos desfavoravelmente é a multiplicação desde milagre. Um dos líderes do carismatismo francês em 1978 dizia que “na França 80% dos carismáticos pentecostais falam em línguas” (Le Figaro, 18/02/78).
É assim que os milagres acontecem com frequência?


INDIFERENTISMO RELIGIOSO
Como já recordamos, o movimento carismático ‘católico’ foi importado do pentecostalismo protestante. Os pentecostais católicos o têm reconhecido agraciados, e chegaram a considerar como autêntico o movimento pentecostal protestante. Era lógico que fosse assim, pois de outra maneira cairiam em aberta contradição com suas próprias origens; em consequência, celebram seus encontros de oração com protestantes de qualquer denominação e sem distinções.
Nestes encontros, qualquer um que tenha recebido o dom de ser ‘guia’ pode impor as mãos sobre qualquer outro, sem preocupar-se com a Igreja ou seita a qual pertença. Todos recebem dons supostamente do Espírito Santo, falam em línguas, interpretam, profetizam e curam.
As diferenças doutrinais não são uma barreira. E assim os católicos, que deveriam sustentar que somente eles possuem a Verdade plena, não pretendem iluminar a seus irmãos protestantes com a plenitude da Verdade que só se pode encontrar na Igreja Católica. Enquanto aos protestantes, longe de admitir as justas pretensões da Igreja Católica, o qual deveria ser o resultado lógico de uma autêntica efusão do Espírito Santo, afirmam experimentar um conhecimento mais claro acerca da doutrina de suas respectivas denominações protestantes.
Tanto os carismáticos ‘católicos’ como os protestantes afirmam trabalhar, com rapidez e em espírito de caridade e de muita compreensão, pela unidade, que é o intuito do movimento ecumênico. As questões doutrinais não se discutem, porque (como eles dizem) buscam a unidade em “UM NÍVEL MAIS PROFUNDO”.
Com de ‘nível mais profundo’ pretendem dizer ‘nível emotivo’, que confundem com o ‘amor sobrenatural’. Sem embargo, o nível emotivo é o mais falaz.
Somente a Verdade é o nível mais profundo, e nela a unidade é possível porque Cristo veio a dar testemunho da Verdade, rechaçando todos os arranjos com o erro e a ambiguidade. Ele deu sua vida pela Verdade, se a Verdade não é aceita e confessada plenamente, o amor sobrenatural e a unidade são impossíveis.
O movimento carismático, portanto, está destinado a fazer naufragar a esperança do ecumenismo, já que nenhuma união será possível enquanto nossos irmãos protestantes – ou de outras confissões – não aceitem a plena potestade de fé e de governo da Igreja Católica.
É notório também que alguns líderes carismáticos têm feito afirmações, e têm tomado posições, que dificilmente se podem conciliar com a doutrina católica. Assim por exemplo, Kevin Ranaghan (quem, juntamente como sua mulher Dorothy, recebeu o Batismo do Espírito, ajuda o Cardeal Suenens a organizar o movimento no mundo inteiro, e escreveu “Pentecostais Católicos”, que se considera um clássico no tema) por ocasião da Encíclica Humanae Vitae (1968) sustenta, contra o ensinamento do Papa Paulo VI, o direito ao controle da natalidade.
Como poderia o Espírito Santo inspirar uma coisa ao Papa e outra a Kevin Ranaghan?
Ou talvez ele teria razão e o Papa estava equivocado?
Ainda mais: na página 4 de seu livro “Pentecostais Católicos”, Kevin, citando “A Cruz e o Punhal”, de David Wilderson, escreve:
“estas palavras mostram claramente que Cristo recebeu o Espírito Santo para que pudesse ser Messias e Senhor”.
Sem embargo, isto é uma HERESIA! Porque Cristo não recebeu o Espírito Santo para ser Messias e Senhor, mas que era as duas coisas desde a sua concepção, a causa da União Hipostática.
INCRIVELMENTE, É O QUE TAMBÉM AFIRMA O PADRE DARÍO BETANCOURT COMO VEREMOS MAIS ADIANTE, E QUE O FAZ CAIR EM HERESIA.
Tome-se também a afirmação da página 250, relativa aos promotores de uma ‘autêntica vida de fé’. Kevin cita não só São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola e São Francisco de Sales, mas também a Joaquin de Fiore (cujos erros foram condenados em 1215), George Fox (fundador dos ‘quackers’ protestantes), John Wesley (fundador dos metodistas) e o ‘telepastor’ Bill Graham!
Por isso, segundo Kevin Ranaghan,
“o Espírito Santo não faz diferença entre a Igreja Católica e as várias denominações protestantes, mas que trabalha igualmente em todas, despreocupando-se do que creem e ensinam”.


DEMOLIÇÃO DA ASCÉTICA CRISTÃ
Se passarmos da teologia especulativa à ascética, tal como tem sido ensinada e vivida pelos Santos, descobrimos que o movimento carismático não só está privado dos requisitos fundamentais de uma verdadeira ascensão a Deus, mas inclusive lhe é prejudicial.
Destrói a humildade e favorece ao orgulho – A humildade é o fundamento e fonte de todas as virtudes; o orgulho é a fonte de todos os pecados; a humildade é virtude de Cristo, de Maria Santíssima e dos Santos; o orgulho é o vício de Satanás e de seus sequazes. O orgulhoso está cheio de segurança e o ostenta como virtude; o humilde, ao contrário, busca o último lugar, evita o sensacional e extraordinário, tem medo de enganar-se e se considera indigno dos dons extraordinários. Se Deus lhe dá estes dons,aceita-os como temor e terror, inclusive pede ao Senhor que os retire e lhe conduza pelo caminho comum; os esconde o mais possível, e se às vezes, constrangido pela obediência, deve falar, o faz como extrema repugnância e reserva.
É exatamente o oposto do que ocorre aos carismáticos: desejam dons extraordinários, particularmente os que impressionam os sentidos, como o dom de línguas [sussurros], sua interpretação, e o dom de cura.
Enquanto o humilde implora: “Não a mim, Senhor, não a mim!”, o pentecostal se põe em primeiro lugar com atrevimento e diz com os fatos, mas com as palavras: “Eis-me aqui, Senhor; faz com que eu tenha a experiência mística de Tua presença, que eu fale línguas, que eu tenha o poder de conferir o Espírito Santo no momento e ocasião que considere oportuno, que eu profetize, que eu cure as pessoas em qualquer parte.”
E quando crê ter recebido o Batismo do Espírito, o carismático prossegue com atrevimento impondo suas mãos, clamando ao Espírito Santo e conferindo-lhe; e se alguma vez o Espírito ‘se demora’, ele insiste histericamente: “Espírito Santo, desce, tens que descer!”.
Expõe a alma ao auto-engano – Alimentando um mórbido desejo do sensacional, o movimento cria uma atmosfera sobrecarregada de emoção, e que, portanto, expõe-se ao auto-engano; declara, com efeito, que a experiência pessoal é a prova suprema da efusão do Espírito Santo.
Sem embargo, isto é o oposto do ensinamento de Cristo, que disse que o cumprimento da Vontade de Deus é o único critério seguro de estar no caminho da salvação: “Nem todo aquele que me disser: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus, este entrará no Reino dos Céus.” (Mt 7,21).
Frequentemente, quão penoso e difícil é fazer a vontade de Deus! O coração está seco, a vontade é débil e a carne é fraca; sem embargo, fazer a vontade de Deus nestas circunstâncias, é grande perfeição.
Jesus chegou até a excluir que os dons extraordinários fossem um sinal seguro de salvação, enquanto que os pentecostais e carismáticos os consideram como uma prova irrefutável da autenticidade de sua experiência. Estas são as palavras de Jesus: “muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor; não fomos nós que profetizamos em teu nome e expulsamos demônios e fizemos milagres em teu nome?’. Então lhes direi: ‘Não os conheço, afastai-se de mim, obreiros da iniqüidade!” (Mt 7,22-23)
A experiência, sendo muito subjetiva e a mais débil de todas as provas, está extremamente exposta ao auto-engano. Basta estar presente nos momentos culminantes dos encontros de oração dos carismáticos. O que acontece frequentemente nestes momentos é desconcertante, e em lugar de induzir ao espectador honesto a reconhecer a presença da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, lhe induz a temer que outro ‘espírito’ esteja no meio deles, espírito que tem prazer ao poder enganar tão facilmente os filhos dos homens e conduzi-los sem esforço a um reino onde Cristo não reina.
Sobre este aspecto do movimento carismático, eis aqui o que escreve um autor francês, Henri Caffarel: “seria inútil apanhar aqui exemplos, mas é claro que normalmente, pela excitação que domina nesta assembléia, se está muito perto do histerismo coletivo e os líderes são evidentemente incapazes de canalizar as explosões emotivas. Em alguns casos não se pode estar seguro de si se está ainda nos limites de uma autêntica vida cristã, ou se já se toca de leve a superstição e a magia. O Maligno, certamente… apanha sua colheita!” Não é difícil compreender que estas assembleias ameacem seriamente a fé das pessoas, sua vida espiritual e seu equilíbrio psíquico. Também se compreende que dão origem a falos profetas e taumaturgos, como aqueles de quem falou Cristo quando disse: “Guardai-vos dos falsos profetas que vêm a vós com pele de cordeiro, mas por dentro são lobos vorazes.” (Mt 7,15).
Ainda mais: Ralph Martin, diretor do Movimento Carismático, em seu livro “A menos que o Senhor construa a Casa” (original em espanhol – “A menos que elSeñorconstruya La Casa”), expõe o problema em termos mais sangrantes: “demasiado vão mais além dos limites da moralidade, já que se criam relações pessoais entre sacerdotes, religiosas e leigos que tristemente pervertem-se de um plano espiritual até um nível puramente natural e sensual. O ‘ágape’ perverte-se no ‘eros’”.
Não poucas vezes a imposição das mãos dos Carismáticos culminou em lascivas e luxuriosas situações de toques sexuais.
É contrário à experiência de quem têm vivido espiritualmente – O ensinamento e a prática dos carismáticos-pentecostais contradizem o exemplo dos Santos, particularmente dos grandes místicos, apesar de citá-los constantemente como inspiradores das técnicas que eles põem em marcha. Os Santos constantemente temiam ser enganados pelo demônio, desdenhavam os fenômenos extraordinários e pediam ao Senhor com insistência em mantê-los no caminho ordinário.
Para evitar o auto-engano, se confiavam ordinariamente a experientes diretores espirituais, e frequentemente recebiam ajuda providencial do próprio Deus. Declaravam-lhes até os mais insignificantes sentimentos de seu coração e obedeciam heroicamente ao que lhes mandavam. Pode-se imaginar Santa Catarina de Siena, Santa Teresa de Ávila, São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola, recorrendo ao mundo fazendo ostentação de si mesmos, em seu reconhecido caráter de autênticos dispensadores do Espírito Santo?
O ensinamento e a prática carismática contradizem também o explícito ensino dos grandes mestres da vida espiritual e dos Doutores da Igreja, que, constante e unanimemente, ensinam que as verdadeiras virtudes que devemos almejar são a humildade, a mortificação, o amor da humilhação, o aniquilamento de si mesmo, a vida escondida, o evitar a singularidade e a ocasião, para que o orgulho não venha a nascer no coração.
São João da Cruz resume assim esta doutrina: “PORTANTO DIGO QUE DE TODAS ESTAS APREENSÕES E VISÕES IMAGINÁRIAS E OUTRAS QUAISQUER FORMAS OU ESPÉCIES (…), QUER SEJAM FALSAS, E DA PARTE DO DEMÔNIO, QUER SE PERCEBAM SER VERDADEIRAS, E DA PARTE DE DEUS, O ENTENDIMENTO NÃO HÁ DE SE EMBARAÇAR NEM NUTRIR-SE NELAS, NEM AS TEM A ALMA DE QUERER ADMITIR, NEM AS DEVE TER, PARA PODER ESTAR SOLTA, DESNUDA, PURA E SIMPLES” (Subida ao Monte Carmelo, Lib. II, Cap. 16)
É exatamente o oposto do que fazem os carismáticos.
Os carismáticos abandonam a Cruz – O movimento se concentra na celebração da ‘alegria’ do espírito. Não há lugar no movimento para a agonia do Getsêmani, os tormentos da Paixão, as noites de alma que ressaltam na vida dos Santos; como a noite tão profunda que arrancou dos mesmos lábios de Cristo o grito de indizível dor: “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonastes?” (Mt 27,46)
Os carismáticos deveriam saber que a santidade não consiste na alegria, mas muito mais no sofrimento. Cristo tem levado seus Santos, particularmente os grandes místicos, às alturas da santidade não precisamente pelo caminho da alegria, mas por uma inarrável dor, porque a essência do amor não é a alegria, mas o sofrimento: “quem quer ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e segue-me.” (Mt 16,24)
A autêntica celebração da alegria está reservada para o céu.
É indício de maior perfeição dizer “que se faça tua Vontade” na agonia do Getsêmani, que na alegria de Pentecostes.
O Movimento Carismático contradiz [OBS - até, na letra, quer dizer, numa ou noutra passagem – Não no espírito, é bem de ver]o Concílio Vaticano II: com efeito, este ensina que “não devemos pedir temerariamente estes dons, nem esperar deles com presunção os frutos das obras apostólicas.” (Lumen Gentium, 12) Parece que estas palavras foram inspiradas por Deus como uma pré-condenação de um movimento que surgiu imediatamente após o Concílio.

CONCLUSÃO
Examinamos com objetividade e sinceridade, o Movimento Carismático, a partir de distintos pontos de vista, e o encontramos frágil, contraditório, errôneo e pernicioso. Mas no meio da multidão, graças ao clamor, dinheiro que movimentam ealvoroço suscitado pelo Movimento, fica difícil prevalecer a voz da reta razão.
Vivemos uma época delirante, em que o ensino e a Tradição da Igreja são abertamente atacados ou postergados com desprezo. Parece que chegaram os tempos profetizados por São Paulo a Timóteo: “Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, arranjarãomestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.” (2Tm 4,3-4)
São Paulo nos convida a examinar tudo, a reter o bom e rechaçar o mal.
À LUZ DA SÃ TEOLOGIA E DA TRADIÇÃO, O MOVIMENTO NÃO SE QUALIFICA COMO COISA BOA: PARTE DE PRETENSÕES FANÁTICAS, MINA A FÉ, INDUZ AS ALMAS A UM FALSO MISTICISMO, E AS CONDUZ ATRAVÉS DA CREDULIDADE E ORGULHO OCULTO, A SATANÁS.
Portanto está plenamente justificado o juízo do Arcebispo Robert Dwyer, quando diz: “Julgamos o Movimento Carismático como uma das orientações mais perigosas da Igreja em nosso tempo, estreitamente ligado em espírito com outros movimentos destrutivos e separadores que ameaça com grave dano a sua unidade e a inúmeras almas.” (Christian Order, maio de 1995, pág. 265)
MANIPULAÇÕES PSÍQUICAS DO MOVIMENTO CARISMÁTICO

(do original: MANIPULACIONES PSIQUICAS DEL MOVIMIENTO CARISMÁTICO)

Fonte: Poustinik

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