DESTAQUE
Sem embargo, isto é o oposto
do ensinamento de Cristo, que disse que o cumprimento da Vontade de Deus é o
único critério seguro de estar no caminho da salvação: “Nem todo aquele que me
disser: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade
de meu Pai que está nos Céus, este entrará no Reino dos Céus” (Mt 7,21).
São João da Cruz resume assim
esta doutrina: “PORTANTO DIGO QUE DE TODAS ESTAS APREENSÕES E VISÕES
IMAGINÁRIAS E OUTRAS QUAISQUER FORMAS OU ESPÉCIES (…), QUER SEJAM FALSAS, E DA
PARTE DO DEMÔNIO, QUER SE PERCEBAM SER VERDADEIRAS, E DA PARTE DE DEUS, O
ENTENDIMENTO NÃO HÁ DE SE EMBARAÇAR NEM NUTRIR-SE NELAS, NEM AS TEM A ALMA DE
QUERER ADMITIR, NEM AS DEVE TER, PARA PODER ESTAR SOLTA, DESNUDA, PURA E
SIMPLES” (Subida ao Monte Carmelo, Lib. II, Cap. 16)
*** * ***
É falsa a
afirmação de que ‘os primeiros cristãos se consideravam representantes não de
uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo’.A verdade é que Cristo enviou
os Apóstolos a ensinar a todas as gentes. Pois bem, ensinar é, antes de tudo e,
sobretudo, aceitar e transmitir uma doutrina; a experimentação é algo muito
subjetivo e por isso mesmo sujeita a ilusões ou falsas sensações.
A
‘tese da experiência e da Fé’ é a tese de Lutero, não de Cristo, que veio ‘dar
testemunho da Verdade’ (Jo 18,37) e que nos ensinou uma doutrina bem definida a
respeito do Pai, de Si mesmo e do Espírito Santo; de sua Igreja, dos
Sacramentos, etc. Ele exigia que seu ensinamento fosse aceito com fé, ‘o que
crê e for batizado, será salvo; mas o que não crê, será condenado’ (Mc 16,16)
São
Paulo escreveu com duras reprovações aos Gálatas (1,8) porque se desviaram de
seu primitivo ensinamento e lhes dizia que se ele mesmo ou um anjo lhes
ensinasse uma doutrina diferente da que lhe havia ensinado no início, devia ser
considerado anátema. Os Apóstolos e os primeiros cristãos estavam muito
interessados na doutrina, e muito pouco no sentimento e na experiência.
*** * ***
RCC: cuidado!
CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE
Salve Maria!
Ainda recebo alguns recados no Orkut, de ‘carismáticos’ buscando defender a
todo custo seu movimento e usando argumentos ‘legalistas’ na sua defesa.
Visando esclarecer melhor a estes carismáticos, publico abaixo o estudo “OS
CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE”, tradução minha encontrada no site http://www.cristiandadfm.com/documentos/desmitif-carismaticos.htm.
Espero que o mesmo sirva para esclarecer os
menos informados do engodo que é o Movimento Carismático (recomendo também a
leitura do artigo “MANIPULAÇÕES PSÍQUICAS DO MOVIMENTO CARISMÁTICO”, encontrado
também neste blog).
OS
CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE
(do
original: LOS CARISMÁTICOS – ENGAÑO A LA PIEDAD)
TRADUÇÃO DE JORGE LUIS
TRADUÇÃO DE JORGE LUIS
O
Pentecostalismo é uma heresia que conseguiu infiltrar-se na Igreja com o fim de
debilitá-la desde o seu interior. Anda de mãos dadas com o Modernismo, e também
o reforça; os dois movimentos procedem da mesma maneira e se apóiam
reciprocamente neste trabalho de demolição. Ora, se o Modernismo intenta destruir a Igreja
quanto à doutrina, o pentecostalismo o faz quanto ao culto. Ambos se disfarçam
com pele de ovelha; por isso sua terminologia é muito similar à católica. Com
palavras piedosas e seu proceder externo podem enganar inclusive a pessoas mais
cautas, e por isso é preciso esquadrinhar sob esta roupagem; para desmascarar
os lobos que se escondem em seu interior.
O
pentecostalismo é um movimento subversivo controlado e cuidadosamente dirigido
pelos inimigos ocultos da Igreja com o fim de chegar à sua ruína total. Promete
a seus adeptos a plena experiência do Espírito Santo que tiveram os Apóstolos
no dia de Pentecostes, junto com alguns dos dons externos, que receberam,
especialmente os de língua, curas e profecia.
A
esta extraordinária experiência chamam Batismo do Espírito, que dizem
transmitir e receber com a imposição das mãos, ao estilo de outros ritos de
nossa Santa Madre Igreja.
Os
adjetivos ‘pentecostal’ e ‘carismático’ indicam perfeitamente o caráter deste
movimento: pentecostal se refere à plenitude do Espírito Santo recebido no
primeiro Domingo de Pentecostes, enquanto carismático alude aos carismas, ou
dons extraordinários que acompanharam ao dom do Espírito Santo naquele dia.
A partir desta
terminologia é que muitas pessoas se enganam, porque entendem que o movimento pretende
simplesmente oferecer preces especiais e intensificar a devoção à Terceira
Pessoa da Santíssima Trindade; se estes fins e os efeitos consequentes fossem
verdadeiros, superariam bastante os produzidos pelos sete Sacramentos
instituídos por Jesus Cristo.
Mas isto não é
assim; as pretensões deste movimento seguem outros caminhos, como veremos, pelo
qual o Movimento Carismático e a Igreja Católica não podem estar de acordo.
Como demonstraremos neste trabalho, se a Igreja é verdadeira então o
pentecostalismo é falso, e o contrário, se o pentecostalismo é verdadeiro, a
Igreja Católica é falsa; mas como a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e
Romana não pode ser falsa, se segue que o pentecostalismo é falso e deve ser
rejeitado, não somente como um movimento eclesial mas como uma espécie de
seita, de pseudo-religião, que – lamentavelmente – está infiltrada no próprio
seio da Esposa de Cristo.
É
mister examinar o movimento por distintos pontos de vista; ao fazê-lo, será
impossível evitar repetições que, sem embargo, nos ajudarão a ter uma ideia
mais completa possível deste movimento que toca os próprios fundamentos da
piedade cristã.
UMA
CONSTRUÇÃO SOBRE AREIAS MOVEDIÇAS
Doutrinariamente,
o movimento está construído sobre areias movediças. Com efeito, qualquer um que
queira analisá-lo à luz do ensinamento infalível da Igreja e de sua Tradição
autêntica, se encontraria frente a algo inalcançável.
O movimento afirma fundar-se
na experiência pessoal e encontrar-se sob a inspiração direta do Espírito
Santo, coisas que ninguém pode controlar, e que os adeptos desta organização se
ocupam de torná-las indemonstráveis, a partir de considerar essa inspiração e
essas experiências como inquestionáveis, pelo mesmo fato de afirmá-las,
transmiti-las e difundi-las. Ademais, como dizem os carismáticos, um movimento
tão pleno de vida não pode definir-se e conter-se nos limites de fórmulas
doutrinais; daí se segue que o Movimento Carismático não possui uma doutrina
sólida, mas somente vagas afirmações, referências inconsistentes ao Novo
Testamento, e formulações temporárias. Em suma é uma sombra evanescente
Seus
líderes mesmo o admitem. “Orientações teológicas e pastorais sobre a Renovação
Carismática Católica” é um dos documentos mais importantes do movimento. Foi
preparado em Malinas, Bélgica, de 21 a 26 de maio de 1974 por alguns ‘experts’
internacionais, sob a guia do Cardeal León Suenens, que – como nos informa o
documento – ‘teve parte na discussão e formulação do texto’ (Prefácio). Também
se diz que ‘o documento não é exaustivo e se requerem ulteriores estudos (…)
esta afirmação representa uma das ideias mais repetidas (…) o texto se
apresenta como uma tentativa de resposta às principais perguntas que suscita o
movimento carismático’ (Prefácio). Em outras palavras, os autores não sabem o
que eles são: ‘cegos guiando cegos’. (Mt 15,14)
Quando
passamos ao texto, nos deparamos com uma infinidade de afirmações vagas, meias
afirmações, tentativas de respostas e opiniões. A duras penas se fazem algumas
distinções; sem embargo as distinções são justamente a base e a fonte de
qualquer argumento teológico; sem elas é impossível distinguir o verdadeiro do
falso, ou a mera opinião, ou uma hipótese, da doutrina segura.
Tome-se
como exemplo a passagem da página 21 entitulada: “A experiência religiosa
pertence ao Testemunho do Novo Testamento”, onde se afirma:
“A
experiência do Espírito Santo é a contra-senha de um cristão e, em parte, com
ela os primeiros cristãos se distinguiam dos não-cristãos. Se consideravam
representantes, não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito
Santo. Este Espírito era um fato vital, concreto, que não podiam negar sem
negar que eram cristãos. O Espírito lhes fora infundido e o haviam
experimentado individual e comunitariamente como uma nova realidade. A
experiência religiosa, é preciso admitir, pertence ao testemunho do Novo
Testamento: se se quita esta dimensão da vida da Igreja, se empobrece a
Igreja.”
Seria
difícil juntar em um parágrafo tantas verdades, falsidades e meias verdades.
O
texto é escorregadio, soa como algo piedoso e, para o ignorante, também
convincente; mas na realidade é falso.
É
falsa a afirmação de que ‘os primeiros cristãos se consideravam representantes
não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo’. A
verdade é que Cristo enviou os Apóstolos a ensinar a todas as gentes. Pois bem,
ensinar é, antes de tudo e, sobretudo, aceitar e transmitir uma doutrina; a
experimentação é algo muito subjetivo e por isso mesmo sujeita a ilusões ou
falsas sensações.
A
‘tese da experiência e da Fé’ é a tese de Lutero, não de Cristo, que veio ‘dar
testemunho da Verdade’ (Jo 18,37) e que nos ensinou uma doutrina bem definida a
respeito do Pai, de Si mesmo e do Espírito Santo; de sua Igreja, dos
Sacramentos, etc. Ele exigia que seu ensinamento fosse aceito com fé, ‘o que
crê e for batizado, será salvo; mas o que não crê, será condenado’ (Mc 16,16)
São
Paulo escreveu com duras reprovações aos Gálatas (1,8) porque se desviaram de
seu primitivo ensinamento e lhes dizia que se ele mesmo ou um anjo lhes
ensinasse uma doutrina diferente da que lhe havia ensinado no início, devia ser
considerado anátema. Os Apóstolos e os primeiros cristãos estavam muito
interessados na doutrina, e muito pouco no sentimento e na experiência.
O
resto do parágrafo e todo o capítulo que trata de Fé e experiência são uma obra
prima da confusão. Tome-se, por exemplo, esta passagem: ‘o Espírito Santo foi
infundido sobre eles e foi experimentado por eles individual e comunitariamente
como uma nova realidade.’ Isto implicaria, ainda que os autores cuidem de não
comprometer-se com uma afirmação categórica, que todos os cristãos da era
apostólica receberam a efusão do Espírito Santo e tiveram a mesma experiência
que os Apóstolos no dia de Pentecostes, com os mesmos fenômenos místicos e
milagres. Mas isto é falso: não há nada no Novo Testamento, nos escritos dos
Padres, ou no ensinamento oficial da Igreja, que nos diga que sucedeu-se assim.
O
Novo Testamento, é verdade, narra casos particulares nos quais o Espírito Santo
desceu de maneira extraordinária sobre alguns dos novos cristãos, mas foram
casos raros e isolados. Inclusive no primeiro dia quando foram batizadas três
mil pessoas (At 2,41-47), os primeiros convertidos da Igreja, não há indícios
de que se produzira algum milagre entre eles, mas apenas a conversão. Tem mais;
estavam atemorizados porque viam os Apóstolos realizar prodígios e milagres; e
se tinham temor é porque essas maravilhas não eram comuns e somente realizadas
pelos Apóstolos.
Ademais
as palavras sobreditas confundem duas coisas distintas: a íntima paz e alegria,
que são próprias de um verdadeiro cristão (paz e alegria que superam todo
sentido e compreensão humana e que nada pode arrebatá-la), com a experiência
extraordinária e mística, com carismas maravilhosos, concedida aos Apóstolos no
dia de Pentecostes e a algumas almas privilegiadas ao longo dos séculos.
Ocasionalmente
Deus concede tais dons divinos aos filhos dos homens, mas de nenhum modo se
devem ao homem, nem são prometidos a todo cristão, nem são necessários para
santificar-se.
ANTECEDENTES
E ORIGENS DO PENTECOSTALISMO
Hoje
em dia a Igreja está sendo criticada tacitamente em muitos de seus autênticos
ensinamentos, sobre a base do que as pessoas creem serem ‘novas’ intuições e ‘novas’
doutrinas. Na realidade não são novas, mas simplesmente velhos erros revestidos
com novas roupas, novas somente para aqueles (e são legiões) que esqueceram o
conhecimento do passado. O Antigo Testamento afirma que ‘não há nada novo sob o
sol’ (Ecl 1,9). Nada, nem sequer o pentecostalismo.
Seria
interessante esboçar a origem, o desenvolvimento e o caráter das heresias que
desenvolveram estes novos movimentos, mas isto nos levaria muito tempo. Sem
embargo, há uma coisa comum a todas elas: seus fundadores e seguidores
sustentam ter intuições sob o ensino e inspiração do Espírito Santo.
No
tempo de São Paulo havia hordas de falsos profetas, que roubavam afirmando
falar sob a inspiração ou em nome do Espírito Santo e perturbavam as
comunidades cristãs de recente fundação. Depois vieram os gnósticos e foram os
primeiros hereges oficiais; se relacionavam com os Apóstolos, e são João
escreveu seu Evangelho para por em alerta aos cristãos contra suas falsas
doutrinas.
Um
tipo particular de pentecostalismo apareceu no séc. II; fundado por um tal
Montano, que afirmava falar sob a inspiração do Espírito Santo. Ele e seus
seguidores sustentavam possuir a plenitude do Espírito Santo e seus carismas;
em particular, afirmavam possuir, com seus êmulos modernos, o dom de curas, de
profecia e de línguas. Seus seguidores foram inúmeros, o mesmo que hoje são
inúmeras as vítimas do pentecostalismo; e também como hoje, entre suas vítimas
haviam algumas situadas em postos altos da Igreja e com capacidades
intelectuais pouco comuns. O mesmo Tertuliano, que escreveu brilhantemente
sobre a Igreja Católica e a defendeu contra seus inimigos, finalmente caiu
vítima do montanismo, se separou do Papa e fundou sua própria seita.
Os
séculos XII e XIII conheceram multidões de ativos puritanos que se jactavam de
ter uma especial iluminação do Espírito Santo; como os modernos pentecostais,
viajavam sem parar de um lugar para outro, pregando seu próprio evangelho.
Alguns sobrevivem hoje, outros não deixaram seguidores; poderíamos citar os albigenses,
valdenses, cátaros, os pobres de Lyon, etc. Todos fundamentaram suas crenças e
práticas estranhas em sua interpretação particular, distorcida e separada do
Magistério, das Sagradas Escrituras, e tentaram menosprezar e destruir no que
fosse possível a Igreja Católica.
Mas
foi Lutero quem conseguiu arrebatar a Igrejas nacionais inteiras. Lutero, um
sacerdote católico desviado, sustentava que ele e seus seguidores possuíam “a
plenitude do Espírito Santo”, uma vez que a negavam dos bispos, dos Papas e inclusive
como sustento e iluminação dos Concílios Ecumênicos. Daí que o protestantismo,
por sua mesma natureza, chegou a ser o berço e terreno de cultivo do moderno
pentecostalismo.
O
movimento carismático moderno ou pentecostal, de fato, nasceu do Protestantismo
na Carolina do Norte (EUA); a época oficial de nascimento foi o ano de 1892;
seus fundadores foram o Rev. R. G. Spurling e o Rev. W. F. Bryant, o primeiro
era pastor batista, o segundo pastor metodista. O movimento foi bem recebido
por outras comunidades protestantes contemporâneas a eles.
Estes
pentecostais afirmavam possuir a mesma plenitude do Espírito Santo que os
Apóstolos receberam no dia de Pentecostes, junto com alguns carismas também
outorgados aos Apóstolos nessa ocasião; em particular os dons de profecia,
curas e línguas. Como o resto de seus irmãos protestantes, afirmavam que o
Espírito Santo intervém diretamente na interpretação pessoal da Sagrada
Escritura. Rechaçavam também todos os dogmas, porque sustentavam que o Espírito
Santo inspira diretamente aos fiéis no que é necessário crer para sua salvação;
daí que no movimento não havia lugar para nenhum tipo de magistério, porque a
piedade cristã era vivida de forma pessoal, sem guias hierarquizados mas de
maneira entusiástica, inclusive com emotividade e exaltação extremas.
Era
esperado que um movimento deste gênero se transformasse em um caos. Isto
deveria abrir-lhes os olhos e fazê-los mudar de caminho, pois o Espírito Santo
não produz o caos; em vez disso, os pentecostais protestantes explicaram o
fenômeno dizendo que a confusão era inevitável em um movimento vivo e em
expansão. Uma observada nos organismos vivos ao nosso redor lhes ensinaria que
a vida sã se desenvolve harmoniosamente e produz coisas boas, enquanto a vida
que se desenvolve caoticamente não pode produzir mais que monstros e abortos da
natureza.
A
Igreja Católica julgou o movimento pelo que era, e no segundo Concílio Plenário
de Baltimore (EUA) os bispos católicos puseram em alerta os fiéis para não
prestar-lhe nenhum tipo de adesão. Proibiram aos católicos inclusive de estarem
presentes, ainda que por mera curiosidade, nos chamados encontros de oração.
A
Igreja, sem embargo, não conheceu um movimento assim em seu interior por
séculos, e os católicos se livraram do contágio até 1966, quando chegou à
Igreja por meio de dois leigos, ambos professores de Teologia na Universidade
de Duquesne, Pittsburgh, Pennsylvania (EUA). Se chamavam Ralph Keifer e Patrick
Bourgeois; eles leram, releram e discutiram dois livros sobre o movimento
pentecostal protestante: “A Cruz e o Punhal”, do pastor Wikerson e “Eles Falam
em Línguas”, do jornalista J. Sherill.
Em
seu desejo de reacender a chama da Fé nos estudantes universitários, pensaram
erroneamente que Deus tinha posto em suas mãos um meio providencial. Em sua
luta contra a apatia e a descrença dos universitários, tinham necessidade
daquele poder que criam que Wikerson possuía.
Estudaram
e reestudaram durante dois meses seguidos; logo releram algumas passagens da
Carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 12) e dos Atos dos Apóstolos, que
serviram como base teológica ao movimento, e por fim se dirigiram a um grupo de
oração pentecostal protestante para receber… o Batismo do Espírito.
E
assim foi como em 13 de janeiro de 1967, em um encontro de oração, se impôs as
mãos em Ralph Keifer e em Patrick Bourgeois, que receberam o Batismo do
Espírito junto com o exaltante dom de ‘orar em línguas’. Seu entusiasmo se
inflamou; convenceram aos estudantes a provar da mesma experiência, e no
encontro de oração seguinte o mesmo Keifer impôs as mãos sobre alguns
estudantes, que subitamente receberam o Batismo do Espírito com vários ‘dons
extraordinários’.
Desde
então o movimento se difundiu amplamente em toda a Igreja Católica. Tem ganhado
seguidores inclusive entre Cardeais e Bispos, e naturalmente atrai, como uma
irresistível calamidade, a milhares de religiosas, desejosas de experimentar o
que crêem ser as emoções do primeiro Pentecostes.
Mas é necessário destacar
ainda uma vez mais que não existe um movimento carismático ‘católico’. O
movimento não é católico, mas protestante. Não nasceu na Igreja Católica, mas
foi importado a ela a partir das seitas pentecostais protestantes, nas quais
nasceu.
É protestante até a sua
medula; é filho da heresia; considerá-lo católico seria dizer que pode haver um
autêntico movimento carismático católico e protestante, como se o Espírito
Santo pudesse assumir diversas formas obrando na Igreja Católica ou nas
diversas seitas protestantes.
Ainda que durante dois mil
anos a Igreja não tenha conhecido nenhum Batismo do Espírito, e ainda que o
movimento provenha da heresia, o fenômeno se estendeu como um incêndio. Como
pode acontecer uma coisa assim?
A resposta, pensamos, antes de
mais nada, é esta: o movimento carismático promete uma conversão imediata e uma
santidade imediata. Além disso, é permissivo especialmente a partir do ponto de
vista moral. Quem renunciaria a tão preciosos dons a um preço tão baixo?
Para os que apresentam
objeções, têm uma resposta pronta e aparentemente convincente: “por que põem
objeções? Acaso não vê que muitos sacerdotes, bispos e inclusive cardeais e o
Papa respaldam o movimento? É claro que não há nenhum mal nele”. É evidente que
o engano diabólico no movimento carismático ofusca a massa de superficiais que
saem em busca de clamoroso êxito e de resultados imediatos, esquecendo que o
caminho da santidade autêntica e do apostolado eficaz e duradouro é feito de de
abnegação, silêncio, mortificação, humilhação, e também de aparentes fracassos:
“Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, não produz fruto.” (Jo 12,24)
Deve-se
advertir que se entre os seculares e em algumas religiosas se pode presumir a
‘boa fé’, não é assim nos eclesiásticos que estão em situação de compreender
esta diabólica fraude. Algum deles são demolidores da Igreja Católica
conhecidos demais para não se suspeitar outra de suas manobras de destruição.
O
caso do reconhecimento pontifício está relacionado com a boa disposição que
existe atualmente para reconhecer os movimentos. Mas devemos esclarecer que ao
momento de solicitar a aprovação podem apresentar-se postulados “para ser
aprovados” e logo no quadro da atual desobediência que reina na Igreja fazer o
que quiserem.
Isto
é fácil de comprovar ao conhecer alguns postulados que, como veremos nos
próximos capítulos, são insultantes para com Deus, para com os Santos e para
com a Igreja. O Papa jamais aprovaria um movimento que tenha entre suas
práticas “perdoar a Deus” como os Carismáticos. Nunca, jamais, o sucessor de
Pedro aprovou nem aprovará estas coisas.
Alguns pensam que o próprio
sucesso do movimento fala a seu favor; sustentar isto seria um grave erro; a
história ensina que todos os movimentos heréticos, particularmente em seus
inícios, receberam o respaldo entusiasta de muitíssimos cristãos, inclusive nas
‘alturas’ da hierarquia católica.
Aqui
é necessário esclarecer que criticar o Movimento Carismático não é estar contra
o Espírito Santo. Como poderia ser assim? O Espírito Santo é a mesma alma da
Igreja, o próprio princípio de sua vida sobrenatural.
Se
fosse possível demonstrar que procede do Espírito Santo, o Movimento
Carismático teria direito a que todos o apoiassem; mas se não é assim, então
estamos obrigados a combatê-lo até sua destruição, porque só dois podem ser as
fontes de sua existência: Deus ou Satanás.
Se vem de Deus,
todos nós devemos aderir a ele; se vem de Satanás, todos nós devemos
combatê-lo.
Agora bem; quando
se examina o movimento à luz da sã Teologia, a conclusão inevitável é que o
pentecostalismo e portanto o Movimento Carismático, ainda que se autoproclame
católico não vem do Espírito Santo (e portanto vem de Satanás).
PRETENSOS
FUNDAMENTOS ESCRITURÍSTICOS
1)
O Movimento busca sua justificação sobretudo nos capítulos de 12 a 14 da
primeira carta de São Paulo aos Coríntios. Mas a semelhança entre o movimento
carismático – pentecostal e o que aconteceu em Corinto é apenas superficial; os
dois fenômenos concordam unicamente em que ambos pretendiam receber do Espírito
Santo alguns carismas, como o dom de línguas, curas e de profecia. Diferem no
resto.
a)
Ao contrário do movimento carismático – pentecostal, em Corinto, não houve
Batismo no Espírito, não houve imposição das mãos, não houve tentativas de
organizar encontros de oração ou retiros com a intenção de se distribuir o
Espírito Santo;
b)
Das cartas de São Paulo se deduz com evidência que o fenômeno não estava
generalizado entre a Igreja apostólica, mas que estava limitado a Corinto, e
que em seguida se comprovaram muitos abusos. Por outra parte, não houve nenhum
intento por parte de São Paulo ou de outro Apóstolo ou discípulo de difundi-lo
em outros lugares, com o fim de sustentar a piedade dos fiéis. Por fim, os
impropérios de São Paulo tiveram o efeito de uma ducha de água fria sobre o
movimento, que de repente desapareceu e não se ouviu falar dele na Igreja até
1966. Os pentecostais modernos, por sua parte, não economizam esforços para
difundir o movimento em todo o mundo.
c)
Em Corinto os católicos falavam “línguas estranhas”, ao contrário dos
pentecostais que emitem “sons estranhos” [sussurros].
Eram
verdadeiras línguas, ainda que desconhecidas aos presentes. Isto é evidente
pela “unânime interpretação dos Padres da Igreja” e inclusive pelas repetidas
reprovações do próprio São Paulo: “Há no mundo grande quantidade de línguas e todas
são compreensíveis. Porém, se desconhecer o sentido das palavras, serei um
estrangeiro para quem me fala e ele será também um estrangeiro para mim”. (1Cor
14,10-11)
Afinal,
o mesmo São Paulo diz possuir o dom e que o possui com mais plenitude que eles
(1Cor 14,19). E assim era justo que fosse, pois devia pregar o Evangelho a
diversos povos. Como poderia aprender tantas línguas tão rapidamente? Deus,
para tanto, obrou nele o mesmo milagre que havia obrado nos outros Apóstolos no
dia de Pentecostes.
Pelo
contrário, os
pentecostais – carismáticos emitem sons ininteligíveis (sussurros), e o
balbuciar não pode ser linguagem da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que
é Espírito de grande Sabedoria e Verdade.
d)
Os pentecostais não levam em conta os conselhos de
São Paulo, e, portanto, se tornam inábeis para receber o Espírito Santo.
De
fato, São Paulo, ainda que não proíba aos Coríntios profetizar e falar em
línguas, repete insistentemente que o dom de línguas é o menos importante entre
os carismas, e que não deve buscar-se ansiosamente. Quando se apresenta o caso
autêntico de uma pessoa que fala em línguas, deve fazê-lo com discrição e de
maneira decorosa, e enquanto não houver nada que se compreenda ou nenhum
intérprete presente, deve calar-se.
São
Paulo põe em evidência que o fiel deveria ambicionar não estes dons, mas as
grandes virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade. Conclui dizendo que “as
mulheres devem se calar na assembléia”, porque não lhes é permitido falar, mas
que devem estar sujeitas, como diz também a Lei, porque “é indecoroso para uma
mulher falar na assembléia” (1Cor 14,34-35)
Os
pentecostais, sem embargo, fundando-se insistentemente na Epístola de São
Paulo, não levam em conta os conselhos e as normas prescritas em nome de Deus, tornando-se
assim inábeis para receber o Espírito Santo e seus dons. De fato, aspiram ao
dom de línguas e o consideram como a prova irrefutável da efusão do Espírito
Santo. As mulheres, pois, não só falam na igreja, mas são as mais ativas em
organizar encontros de oração carismática, em profetizar, em ver sinais do
Espírito Santo, em realizar curas (de sua natureza e de sua causa se falará a
seguir) e em impor as mãos em todos.
Distantes
de escutar as palavras de São Paulo, os líderes do movimento fazem todos os
esforços para atrair as mulheres; eles intentam justificar sua aberta
desobediência à palavra de Deus afirmando que a proibição de São Paulo de
permitir às mulheres falar na Igreja foi sugerida por causa das limitações
impostas pela cultura que viviam. Hoje a cultura mudou radicalmente, e assim,
pretendem eles, o mandato de São Paulo não é atual; como de costume; os
pentecostais carismáticos tergiversam e manipulam a Sagrada Escritura para
adaptá-la a seus próprios fins.
A
verdade é que no mundo pagão, nos tempos de São Paulo, havia muitas mulheres
que pretendiam profetizar e falar em nome dos deuses. Mas São Paulo não tem em
conta os costumes e hábitos culturais, mas que apela à Lei de Deus: “como diz a
Lei” (ibidem).
Qual
pode ser, então, o verdadeiro motivo, ainda que oculto e inconfessável, de
todos os esforços para persuadir às mulheres de que venham a aderir ao
movimento? Cremos que acontece porque se acautelam de que, por sua natureza
emotiva, as mulheres podem ser manejadas mais facilmente que os homens para
‘crerem-se’ movidas pelo Espírito Santo.
2)
Os pentecostais se apóiam também em alguns episódios dos Atos dos Apóstolos,
especialmente a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Buscam
trazer à mente de todo cristão aquela grande experiência mística: “por que –
dizem – deve se privar um cristão daquele dom incomparável, tão necessário para
uma vida cristã fervorosa?”
A
resposta é a seguinte:
a)
No primeiro Pentecostes, a experiência mística e sensível do Espírito Santo,
junto com os carismas de línguas, profecia, curas e semelhantes, não foi
concedida a todos, mas apenas aos Apóstolos e, provavelmente, aos discípulos
presentes no Cenáculo. Certamente não se concedeu aos três mil convertidos que
foram batizados naquele dia; sem embargo, os Apóstolos falavam em uma língua,
enquanto que os ouvintes lhes ouviam cada um falarem sua própria língua.
Obviamente os Apóstolos falvam aramaico com seu sotaque Galileu, mas a gente
lhes ouvia falar em grego, latim, parto, elamita, etc; evidentemente, é bem
distinto do que acontece nos encontros carismáticos de oração.
b)
Os pentecostais se remetem também ao capítulo 8 de Atos, onde se lê que em
Samaria o diácono Felipe converteu e batizou muitas pessoas. Quando os
Apóstolos, em Jerusalém, ouviram o que acontecera em Samaria, mandaram a Pedro
e João, que ao chegar impuseram suas mãos sobre os novos batizados, que
receberam o Espírito Santo.
Obviamente
se trata do sacramento da Confirmação, cujo ministro ordinário é o Bispo. Esta
é a interpretação constante da Igreja. Felipe, ainda que diácono, fazedor de
milagres, grande pregador, e que havia administrado o Batismo, não se atreveu a
impor as mãos a seus novos batizados, porque este estava reservado aos
Apóstolos, que eram Bispos.
3)
Outro episódio ao que se remetem os carismáticos é a conversão de São Paulo,
quando Ananias lhe impôs as mãos dizendo-lhe: “Saulo, meu irmão, o Senhor, esse
Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques
cheio do Espírito Santo. No mesmo instante caíram dos olhos de Saulo umas como
escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. Depois tomou alimento
e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se
achavam em Damasco.” (At 9,17-19)
Os
carismáticos insistem neste episódio para justificar a imposição das mãos
praticada por eles. Mas novamente estamos diante de uma interpretação
evidentemente errada.
Ananias
era provavelmente sacerdote e, de todas as maneiras, não ia impondo as mãos nas
pessoas para dar o Espírito Santo; teve uma visão e um mandato especial para
este caso particular: “O Senhor lhe ordenou: Levanta-te e vai à rua Direita, e
pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo; ele está
orando.” (At 9,11) Isto não tem nada a ver com as pretensões dos carismáticos.
4)
Ainda assim há outros dois episódios aos que apelam os pentecostais:
a)
O primeiro é referido no capítulo 19 de Atos (1-7), quando São Paulo encontrou
em Éfeso doze discípulos de João Batista. Depois de lhes instruir sobre Cristo,
batizou-os em nome do Senhor Jesus, e depois que “que lhes impôs as mãos, o
Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a
profetizar.” (At 19,6) Mas este é mais um caso de administração da Confirmação
por parte de São Paulo, que era Bispo.
b)
Outro episódio é a conversão de Cornélio e de seus familiares:” Estando Pedro
ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa)
palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se
admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os
pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus.” (At
10,44-46)
Uma
vez mais é preciso refutar com firmeza que isto constitua uma justificação do
movimento carismático. São Pedro não foi a Cesaréia para impor as mãos e
conferir o Espírito Santo; foi levado até ali através de uma revelação
especial, e o Espírito Santo desceu enquanto lhes falava para instruir aos
ouvintes sobre Cristo e sua missão. Deus operou um grande milagre, inclusive
antes que Cornélio e os seus fossem batizados, porque eram os primeiros gentios
a serem acolhidos oficialmente na Igreja e se necessitava que ficasse bem claro
a todos os cristãos ‘da circuncisão’, tão convencidos da idéia de que ninguém fora
do povo eleito poderia entrar no reino messiânico, de que a partir de então os
gentios seriam convidados a participar dos benefícios da Redenção.
De
volta a Jerusalém, São Pedro foi asperamente criticado pelos judeus pelo que
tinha feito em Cesaréia, mas ele se defendeu de seus acusadores com estas
concisas palavras: “Pois, se Deus lhes deu a mesma graça que a nós, que cremos
no Senhor Jesus Cristo, com que direito me oporia eu a Deus?” (At 11,17)
Fora
destes textos citados, quase esporádicos, não há nenhuma outra prova de que
semelhante efusão externa do Espírito Santo tenha acontecido na Igreja
Apostólica, nem sequer, como já se sublinhara, no dia de Pentecostes, quando
depois da pregação de São Pedro três mil pessoas foram batizadas.
Além
do mais, Cristo jamais prometeu tais experiências místicas e dons
extraordinários, nem deu disposições para transmiti-los por meio de ritos
particulares. Mais exatamente, Ele instituiu o sacramento da Confirmação, que a
Igreja sempre tem administrado e através do qual cada cristão participa na
efusão do Espírito Santo.
A
Confirmação, sem embargo, não confere o Espírito Santo com sinais externos e
milagrosos, tão alheio ao Espírito de Cristo, mas silenciosamente e de maneira
misteriosa, como os outros sacramentos.
Durante seus dois mil anos de
vida, a Igreja Católica jamais conheceu o “Batismo do Espírito”, tal como nos
querem ensinar os pentecostais carismáticos; mas que tem ensinado,
infalivelmente, desde o Concílio Ecumênico de Florença (1439) que a Confirmação
é o Pentecostes de todo cristão; as palavras do Concílio são: “na Confirmação o
Espírito Santo é dado para fortalecer ao fiel o mesmo que foi dado aos
Apóstolos no dia de Pentecostes.” (Denz. 697)
O
BATISMO DO ESPÍRITO
Como
se disse, o ‘pentecostalismo’ e o ‘carismatismo’ eram desconhecidos na Igreja,
tendo nascido no século XIX entre as seitas protestantes. Os dois leigos
católicos Ralph Keifer e Patrick Bourgeois, que o introduziram na Igreja
Católica, receberam o Batismo do Espírito das mãos de pentecostais protestantes;
portanto, sua ação foi um insulto à verdadeira e única Igreja de Nosso Senhor
Jesus Cristo e, por conseqüência, uma autêntica apostasia.
Eles, com seu ato, ainda que
não com as palavras, declararam que a Igreja Católica não estava capacitada para
dar-lhes o Espírito Santo por meio dos Sacramentos, os sacramentais, as
bênçãos, o Sacrifício da Missa, a Comunhão, os retiros, as peregrinações, etc.
Por isso se sentiram compelidos a buscá-lo fora, entre os pentecostais
protestantes, onde se encontraria facilmente.
Agora bem, como podia o
Espírito Santo comunicar-se a tais pessoas? Se foi assim, isto implicaria que a
Igreja Católica não tem o direito de dizer que é a única e verdadeira Igreja de
Cristo; por conseguinte, se o que afirma o Movimento Carismático é certo, todo
católico deveria abandonar a Igreja e unir-se aos pentecostais protestantes,
que foram ‘enchidos’ do Espírito Santo muito antes que a Igreja Católica
soubesse algo dele.
Como pode um católico buscar o
Espírito Santo em uma ‘igreja’ não católica, sem negar implicitamente a
unicidade da Igreja Católica?
Se
o considerado Batismo do Espírito fosse verdadeiro, seria na verdade um “Super-Sacramento”,
instituído, sem embargo, não por Cristo, mas pelos homens. Naturalmente, os
pentecostais ‘católicos’ negam que seja um sacramento, mas isto se deve à
confusão e insegurança que invadem todo seu ensino doutrinário. Insistem na
‘experiência’ e não estão completamente seguros da ‘doutrina’. Nisto os
pentecostais protestantes são mais coerentes: rechaçam qualquer Batismo de
crianças e a Confirmação dos adolescentes, e no seu lugar pregam um batismo de
fé para os adultos, que deve ser seguido pelo verdadeiro Batismo do Espírito.
Mas
os pentecostais católicos não se atrevem a rechaçar estes sacramentos, porque
seria uma clara heresia; sem embargo, a duras penas aludem a eles em seus
ensinamentos, e aqui e acolá fazem afirmações surpreendentes, alheias à Fé.
Tome-se, por exemplo, o que dizem Kevin e Dorothy Ranaghan no livro
“Pentecostais Católicos”, considerado um dos clássicos do movimento:
“O
Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa iniciação cristã.
Para os católicos, esta experiência é uma renovação, que faz nossa iniciação
concreta e explícita”. É difícil sondar a profundidade dos erros contidos
nestas linhas, mas ainda assim, podem ser detectados. Em primeiro lugar, nesta
afirmação se supõe que o Batismo do Espírito tem um significado distinto
conforme se seja católico ou protestante, e, portanto, haveria um Batismo do
Espírito para os protestantes e outro para os católicos.
Além
do mais, se “o Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa
iniciação cristã”, se segue dele que ninguém é autêntico cristão se não o
recebeu, porque lhe faltaria algo fundamental na vida cristã. As conclusões
seriam verdadeiramente surpreendentes: Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino,
São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, São Francisco Xavier, Santa
Teresa de Lisieux, São Pio X, todos os papas e bons cristãos anteriores a 1966,
e posteriormente todos aqueles que se recusam receber o Batismo do Espírito ou
que simplesmente não o tenham recebido, não seriam autênticos cristãos, já que
estiveram privados de algo fundamental na vida cristã.
Isto
implicaria também que haveria uma cristandade dentro da cristandade, uma raça
eleita dentro do povo de Deus. Implicaria inclusive que durante dois mil anos a
Igreja haveria privado seus filhos da plenitude do Espírito Santo. E que a
Igreja se comportara com eles como uma madrasta indigna, até que os
pentecostais trouxeram a plenitude do Espírito Santo ao seio da Igreja.
Quem
poderia medir as dimensões deste estúpido e subjacente orgulho?
Os
pentecostais católicos negam que o Batismo do Espírito seja um sacramento, mas
sua negação contradizos seus atos. Um sacramento, na verdade, é um sinal
externo que produz uma graça. Agora bem, o chamado “Batismo do Espírito” teria
todos os elementos constitutivos de um sacramento: a imposição das mãos seria
um sinal externo; a invocação ao Espírito Santo seria a forma; a efusão do
Espírito será o efeito. Mas há mais. Se o “Batismo do Espírito” fosse
verdadeiro, não seria um simples sacramento, mas um “Super Sacramento”, muito
superior aos outro sete reconhecidos pela Igreja, porque:
a) Não produziria somente a
graça, mas uma efusão dela semelhante em plenitude à produzida no dia de
Pentecostes;
b) Além do mais, não produziria somente a graça na alma, mas também uma milagrosa efusão externa;
c) Por último, não produziria somente a graça interna e externa, mas que conferiria também dons milagrosos, como o dom de curas, profecia, línguas, etc.
b) Além do mais, não produziria somente a graça na alma, mas também uma milagrosa efusão externa;
c) Por último, não produziria somente a graça interna e externa, mas que conferiria também dons milagrosos, como o dom de curas, profecia, línguas, etc.
TUDO
ISTO, NATURALMENTE, É CONTRÁRIO À FÉ
Superficialmente
se pode observar que os carismáticos não se mostram muito interessados nos sete
dons do Espírito Santo, que se dão a todos os cristãos no Batismo e na
Confirmação: os dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência,
Piedade e Temor de Deus. É mais, inclusive no caso de alguns sacerdotes como o
Padre Dario Betancourt, um dos líderes do movimento na América, os dons do
Espírito Santo adquirem características novas e chagadas de mentiras.
Mas
os verdadeiros dons do Espírito Santo são muito mais desejáveis que os
secundários, como a cura, a profecia, o dom de línguas, etc., os quais não são
necessários nem para a salvação nem para conseguir um alto grau de santidade, e
que inclusive poderiam terminar em uma terrível armadinha, enquanto poderiam
conduzir ao orgulho espiritual.
Se o que os pentecostais
afirmam do Batismo do Espírito fosse verdade, onde se colocaria a Confirmação
na vida cristã?
Os pentecostais católicos ou
Renovação Carismática evitam a questão, e como não querem negar abertamente a
Confirmação, colocam-na à parte. Ranaghan, no livro supra citado, propõe a
questão nestes termos: “Se pode estar mais seguro do que quer dizer ‘estar
batizado no Espírito Santo’, que do quer dizer ‘estar Confirmado’.”
Eles não sabem o que quer
dizer estar confirmado! Sem embargo o ensino imemorial da Igreja é a infalível
declaração do Concílio de Florença, em 1439: “a Confirmação é o Pentecostes de
todo cristão.” Inclusive – como veremos mais adiante – alguns, como o já
mencionado Padre Dario Betancourt, afirmam que ainda que se receba o Espírito
Santo na Confirmação e no resto dos sacramentos, O ESPÍRITO SANTO ESTÁ COMO QUE
LIGADO, PORÉM TRAVADO, ATÉ QUE O BATISMO DO ESPÍRITO DOS CARISMÁTICOS O LIBERA
DE NOSSO INTERIOR E O FAZ SURGIR.
O dilema é,
portanto, inevitável: ou o Batismo do ou no Espírito é verdadeiro e a
Confirmação é falsa, ou pelo menos não é necessária; ou a Confirmação é
verdadeira e o Batismo do Espírito é falsa.
As duas coisas não
podem ser verdade.
Se um leigo, homem ou mulher,
ou uma religiosa, ao impor as mãos, podem distribuir o Espírito Santo junto com
alguns poderes milagrosos, que necessidade temos de bispos ou de sacerdotes?
NENHUMA! Os pentecostais protestantes não têm necessidade deles; por que os
católicos teriam de tê-la? Qualquer um poderia objetar que isto é levar as
coisas longe demais. Afinal, os carismáticos dizem: “Que mal há na imposição
das mãos? Então cada qual não pode impor as mãos e invocar o Espírito Santo?”
À primeira objeção se responde
que isto não levar as coisas longe demais, mas sua lógica conclusão.
Desgraçadamente os pentecostais seguem a “experiência” e não a “lógica”, e isto
lhes tornam surdos à voz da razão. À segunda objeção se responde que todos
somos livres para invocar o Espírito Santo, mas não são para impor as mãos com
o fim de introduzir os fiéis no caminho ao qual querem lhes conduzir. Impor as
mãos denota autoridade: Os patriarcas do Antigo Testamento impunham as mãos
para abençoá-los. Cristo impunha as mãos sobre os Apóstolos para lhes conferir
o Espírito Santo. Os Apóstolos, por sua vez, e depois deles os Bispos e
Sacerdotes, impõe as mãos para consagrar e confirmar.
Mas
que autoridade tem um leigo para impor as mãos sobre outro leigo, ou o que é
pior, sobre um Sacerdote, ou sobre um Bispo ou um Cardeal? Quem lhes deu essa
autoridade?
NÃO
CRISTO, que estabeleceu o Sacramento da Confirmação para conferir o Espírito
Santo; NEM A IGREJA, que nada sabe sobre o Batismo do Espírito; NEM O PRÓPRIO
ESPÍRITO SANTO, posto que não há provas nas Escrituras ou na Tradição de que
tenha conferido tal autoridade.
E
não se objete que é um simples gesto que qualquer um pode fazer: não é um
simples e inútil gesto. É um ato de ação “sacramental”, porque se faz uma
petição fantástica (quase se poderia dizer sacrílega) para que, por meio deste
ato, se produza uma efusão extraordinária do Espírito Santo, com experiência
mística e carismas muito superiores aos que podem produzir os Sacramentos do
Batismo, da Confirmação, da Ordem e verdadeiramente de qualquer outro
sacramento.
Os carismáticos dizem que a
efusão miraculosa do Espírito Santo se deve à fé: Cristo não havia dito que
onde estivessem reunidos dois ou três em seu nome, Ele estaria no meio deles?
Não afirmou que qualquer um que tivesse fé como um grão de mostarda, seria
capaz de realizar grandes prodígios? Por que maravilhar-se então, se os
carismáticos realizam coisas extraordinárias? A afirmação soa bem quando não se
examina de perto. Mas na verdade Cristo prometeu que estaria que estaria entre
aqueles que se achavam reunidos em seu nome, mas tem que ser em seu nome, isto
é, entre aqueles que se reúnem para pedir o que agrada a Deus. Agora bem, Deus
jamais prometeu tais experiências místicas, nem estas são de modo nenhum
necessárias para nossa santificação. Deus nos pede fazer uso de todos os meios
ordinários postos à nossa disposição: Confissão, Sacrifício da Missa, Comunhão,
outros Sacramentos, etc.
Na realidade a busca da
experiência extraordinária implica que os carismáticos não crêem no poder dos
Sacramentos. Eles nem sequer crêem na presença do Espírito Santo, a menos que,
como Tomé, o sintam e o toquem; e isto ficará certificado com as palavras do
Padre Dario Betancourt, como veremos mais adiante. Aqui são oportunas as
palavras de Cristo: “porque me viste, creste! Bem aventurados os que não viram
e creram.” (Jo 20,29) Parece que os pentecostais carismáticos esqueceram deste
ensinamento de Cristo.
EXAME
DOS PRETENSOS CARISMAS
DOM
DE CURA: Ao ouvir os pentecostais ou carismáticos ou da Renovação Carismática
ou no espírito, parece que estiveram caminhando sobre um tapete esmaltado de
inúmeros milagres, que exibem como prova segura da origem divina do movimento.
Sem embargo, para aceitar como autênticas as curas milagrosas se requerem três
condições:
a)
Que se excluam todas as causas naturais capazes de realizar uma cura súbita, o
que não acontece, por exemplo, nas curas milagrosas reais ou verdadeiras de
câncer ou na ressurreição dos mortos;
b) Que o suposto milagre se submeta a um exame atento por parte de médicos,
cientistas e teólogos, como acontece, por exemplo, nos milagres de Lourdes ou
nos que atribuem à Virgem e aos Santos;
c) Que a sentença final seja dada pela autoridade competente.
Agora
bem, estas três condições não se dão no Movimento Carismático ou Renovação
Carismática. Eles creem nos milagres pelo simples testemunho de quem dizem
recebê-los; alguns “milagres” são de natureza trivial, outros de natureza
psicológica, outros não duram permanentemente. Além disso, seria necessário
examinar as causas de cada milagre em particular.
Existem
três possíveis causas:
–
Deus: mas neste caso deve-se estabelecer que são verdadeiros milagres, e em tal
caso não deve haver nenhum traço de orgulho, de ostentação ou auto-satisfação,
bem presentes no movimento carismático.
– Processos psicológicos: Por exemplo, põe-se uma grande ênfase no fato de que
alguns convertidos abandonaram seu hábito de beber; mas é notório que os
membros dos Alcoólicos Anônimos alcançam resultados similares por meio da ciência
profana e com tratamentos que incluem técnicas psicológicas, sem nenhum recurso
ao “espírito” invocado pelos carismáticos.
– O demônio: Pode, também ele realizar alguns “prodígios”, especialmente em uma
atmosfera carregada de emoção, atmosfera que é a procurada nesses encontros
multitudinários, que duram várias horas e de onde se relatam testemunhos e
anedotas, com fundo de música percussiva, sincopada e forte; e o orador aos
gritos. Ante estas circunstâncias se produzem fenômenos de tipo psicológico, a
partir dos quais inclusive se chega a uma dissociação de consciência tão
extrema que se liberam hormônios relaxantes e que adormecem, explicando assim
os desaparecimentos de sintomas de dor, ainda que não diminuam em nada as
enfermidades.
O
mesmo Cristo nos alerta sobre esta possibilidade, porquanto nos avisara que
viria um tempo em que os falsos profetas realizariam “milagres” ou “prodígios”
para enganar, se fosse possível, até os eleitos. Com o movimento carismático se
baseia em falsas premissas doutrinais, se torna fácil ao demônio infiltrar-se e
extraviar as almas.
DOM
DE LÍNGUAS – Embora já tenhamos dito algo deste argumento quando examinamos a
primeira carta de São Paulo aos Coríntios, podemos acrescentar alguma
consideração, posto que os carismáticos-pentecostais apreciam muitíssimo este
‘dom’.
Até
há pouco tempo eles o consideravam como prova definitiva da efusão do Espírito
Santo. Isto implica como consequência que ao receber os Sacramentos nós não
podemos estar seguros de ter recebido o Espírito Santo, toda vez que não há
nenhum fenômeno externo; nem sequer em Sacramentos como o Batismo, Confirmação,
Ordem, que foram instituídos justamente para conferir uma especial efusão do
Espírito Santo. Nos Sacramentos, com efeito, nossa única garantia é a fé
sincera na promessa de Cristo, atestada pela infalível autoridade da Igreja,
posto que esta fé não se apoia quase nunca no sentimento ou na experiência.
Contrariados
por tais objeções, os pentecostais católicos deixaram de considerar estes dons
como a prova da efusão do Espírito Santo. Diante de tais contradições, o que
devemos pensar? Com que autoridade estabelecem os critérios de sua fé? O
Espírito Santo primeiro lhes induziu a crer que o dom de línguas é a prova
definitiva, e depois que não é? Pode o Espírito Santo estar sujeito a tais
contradições?
E
se considerarmos a natureza do ‘carisma’, nossa perplexidade não pode mais que
aumentar, porque as línguas que dizem falar os pentecostais-católicos não são
de fato línguas humanas. São línguas estranhas, simples balbucios de sons
ininteligíveis (que alguns chegaram a afirmar que era “a língua ou o linguajar
dos anjos”), aos que se chama glossolalia. Já temos notado que as ‘línguas
estranhas’ de que se fala nos Atos dos Apóstolos e na primeira carta de São
Paulo aos Coríntios eram verdadeiras línguas, se bem que desconhecidas em sua
maior parte aos presentes.
Os
pentecostais, sem embargo, dão uma explicação e falam da possibilidade de orar
“não objetivamente, de uma maneira pré-conceitual”. Esta é a definição dada por
Le RenouveauCharismatique (ver Lumen Vitae, Bruxelas 1974):
“A
possibilidade de orar não-objetivamente, de uma maneira pré-conceitual, tem um
valor considerável na vida espiritual. Permite expressar com meios
pré-conceituais o que não pode ser expresso conceitualmente. A oração em
línguas é para a oração normal como a pintura abstrata, não representativa, é
para a pintura ordinária. A oração em línguas requer um tipo de inteligência
que até as crianças tem”.
Em primeiro lugar, não existe
nada parecido na Tradição da Igreja, nos ensinos dos grandes mestres do
espírito e dos grandes místicos da Igreja. E ainda que Cristo tenha ensinado
aos Apóstolos e aos primeiros discípulos orar e dado até uma fórmula com a qual
expressar seus próprios pedidos, Ele jamais orou de maneira ‘pré-conceitual’ e
‘não objetiva’, nem ensinou a seus discípulos a fazer algo parecido. Este
gênero de oração implica que os murmúrios não correspondem à realidade
objetiva, posto que são ‘não objetivos’, e que o Espírito Santo é incapaz de
expressar a realidade divida em uma linguagem racional. MAS TUDO ISTO É FALSO.
Os profetas, Cristo, os Apóstolos e depois os Santos no curso de vinte séculos,
inflamados no Espírito Santo, foram capazes de expressar a mais alta Verdade em
linguagem humana. A expressão, logicamente, é inferior à realidade, mas isto
não se deve ao uso de uma linguagem ‘não objetiva’ ou ‘pré-conceitual’, mas ao
fato de que quando o homem fala da realidade divina, necessariamente se
expressa de forma analógica.
A
este argumento dos carismáticos, ademais, seria necessário propor-lhes mais
perguntas. Por exemplo; poderia ser que, longe de ser um dom do Espírito Santo,
o ‘falar em línguas’ [sussurros] fosse uma fraude ou uma manifestação de
processos psíquicos devido a uma explosão emotiva? Pode-se acrescentar que há,
ao menos em alguns casos, outra possível fonte: Satanás, que pretende enganar
aos homens imitando os milagres do primeiro Pentecostes.
Outro
fenômeno que faz que o julguemos desfavoravelmente é a multiplicação desde
milagre. Um dos líderes do carismatismo francês em 1978 dizia que “na França
80% dos carismáticos pentecostais falam em línguas” (Le Figaro, 18/02/78).
É
assim que os milagres acontecem com frequência?
INDIFERENTISMO
RELIGIOSO
Como
já recordamos, o movimento carismático ‘católico’ foi importado do
pentecostalismo protestante. Os pentecostais católicos o têm reconhecido
agraciados, e chegaram a considerar como autêntico o movimento pentecostal
protestante. Era lógico que fosse assim, pois de outra maneira cairiam em
aberta contradição com suas próprias origens; em consequência, celebram seus
encontros de oração com protestantes de qualquer denominação e sem distinções.
Nestes
encontros, qualquer um que tenha recebido o dom de ser ‘guia’ pode impor as
mãos sobre qualquer outro, sem preocupar-se com a Igreja ou seita a qual
pertença. Todos recebem dons supostamente do Espírito Santo, falam em línguas,
interpretam, profetizam e curam.
As
diferenças doutrinais não são uma barreira. E assim os católicos, que deveriam
sustentar que somente eles possuem a Verdade plena, não pretendem iluminar a
seus irmãos protestantes com a plenitude da Verdade que só se pode encontrar na
Igreja Católica. Enquanto aos protestantes, longe de admitir as justas
pretensões da Igreja Católica, o qual deveria ser o resultado lógico de uma
autêntica efusão do Espírito Santo, afirmam experimentar um conhecimento mais
claro acerca da doutrina de suas respectivas denominações protestantes.
Tanto
os carismáticos ‘católicos’ como os protestantes afirmam trabalhar, com rapidez
e em espírito de caridade e de muita compreensão, pela unidade, que é o intuito
do movimento ecumênico. As questões doutrinais não se discutem, porque (como
eles dizem) buscam a unidade em “UM NÍVEL MAIS PROFUNDO”.
Com
de ‘nível mais profundo’ pretendem dizer ‘nível emotivo’, que confundem com o
‘amor sobrenatural’. Sem embargo, o nível emotivo é o mais falaz.
Somente
a Verdade é o nível mais profundo, e nela a unidade é possível porque Cristo
veio a dar testemunho da Verdade, rechaçando todos os arranjos com o erro e a
ambiguidade. Ele deu sua vida pela Verdade, se a Verdade não é aceita e
confessada plenamente, o amor sobrenatural e a unidade são impossíveis.
O
movimento carismático, portanto, está destinado a fazer naufragar a esperança
do ecumenismo, já que nenhuma união será possível enquanto nossos irmãos
protestantes – ou de outras confissões – não aceitem a plena potestade de fé e
de governo da Igreja Católica.
É
notório também que alguns líderes carismáticos têm feito afirmações, e têm
tomado posições, que dificilmente se podem conciliar com a doutrina católica.
Assim por exemplo, Kevin Ranaghan (quem, juntamente como sua mulher Dorothy,
recebeu o Batismo do Espírito, ajuda o Cardeal Suenens a organizar o movimento
no mundo inteiro, e escreveu “Pentecostais Católicos”, que se considera um
clássico no tema) por ocasião da Encíclica Humanae Vitae (1968) sustenta,
contra o ensinamento do Papa Paulo VI, o direito ao controle da natalidade.
Como
poderia o Espírito Santo inspirar uma coisa ao Papa e outra a Kevin Ranaghan?
Ou
talvez ele teria razão e o Papa estava equivocado?
Ainda mais: na página 4 de seu
livro “Pentecostais Católicos”, Kevin, citando “A Cruz e o Punhal”, de David
Wilderson, escreve:
“estas palavras mostram
claramente que Cristo recebeu o Espírito Santo para que pudesse ser Messias e
Senhor”.
Sem embargo, isto é uma
HERESIA! Porque Cristo não recebeu o Espírito Santo para ser Messias e Senhor,
mas que era as duas coisas desde a sua concepção, a causa da União Hipostática.
INCRIVELMENTE, É O QUE TAMBÉM
AFIRMA O PADRE DARÍO BETANCOURT COMO VEREMOS MAIS ADIANTE, E QUE O FAZ CAIR EM
HERESIA.
Tome-se também a afirmação da
página 250, relativa aos promotores de uma ‘autêntica vida de fé’. Kevin cita
não só São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola e São Francisco de Sales,
mas também a Joaquin de Fiore (cujos erros foram condenados em 1215), George
Fox (fundador dos ‘quackers’ protestantes), John Wesley (fundador dos
metodistas) e o ‘telepastor’ Bill Graham!
Por isso, segundo Kevin
Ranaghan,
“o Espírito Santo não faz
diferença entre a Igreja Católica e as várias denominações protestantes, mas
que trabalha igualmente em todas, despreocupando-se do que creem e ensinam”.
DEMOLIÇÃO
DA ASCÉTICA CRISTÃ
Se
passarmos da teologia especulativa à ascética, tal como tem sido ensinada e
vivida pelos Santos, descobrimos que o movimento carismático não só está
privado dos requisitos fundamentais de uma verdadeira ascensão a Deus, mas
inclusive lhe é prejudicial.
Destrói
a humildade e favorece ao orgulho – A humildade é o fundamento e fonte de todas
as virtudes; o orgulho é a fonte de todos os pecados; a humildade é virtude de
Cristo, de Maria Santíssima e dos Santos; o orgulho é o vício de Satanás e de
seus sequazes. O orgulhoso está cheio de segurança e o ostenta como virtude; o
humilde, ao contrário, busca o último lugar, evita o sensacional e
extraordinário, tem medo de enganar-se e se considera indigno dos dons extraordinários.
Se Deus lhe dá estes dons,aceita-os como temor e terror, inclusive pede ao
Senhor que os retire e lhe conduza pelo caminho comum; os esconde o mais
possível, e se às vezes, constrangido pela obediência, deve falar, o faz como
extrema repugnância e reserva.
É
exatamente o oposto do que ocorre aos carismáticos: desejam dons
extraordinários, particularmente os que impressionam os sentidos, como o dom de
línguas [sussurros], sua interpretação, e o dom de cura.
Enquanto
o humilde implora: “Não a mim, Senhor, não a mim!”, o pentecostal se põe em primeiro
lugar com atrevimento e diz com os fatos, mas com as palavras: “Eis-me aqui,
Senhor; faz com que eu tenha a experiência mística de Tua presença, que eu fale
línguas, que eu tenha o poder de conferir o Espírito Santo no momento e ocasião
que considere oportuno, que eu profetize, que eu cure as pessoas em qualquer
parte.”
E
quando crê ter recebido o Batismo do Espírito, o carismático prossegue com
atrevimento impondo suas mãos, clamando ao Espírito Santo e conferindo-lhe; e
se alguma vez o Espírito ‘se demora’, ele insiste histericamente: “Espírito
Santo, desce, tens que descer!”.
Expõe a alma ao auto-engano –
Alimentando um mórbido desejo do sensacional, o movimento cria uma atmosfera
sobrecarregada de emoção, e que, portanto, expõe-se ao auto-engano; declara,
com efeito, que a experiência pessoal é a prova suprema da efusão do Espírito
Santo.
Sem embargo, isto é o oposto do
ensinamento de Cristo, que disse que o cumprimento da Vontade de Deus é o único
critério seguro de estar no caminho da salvação: “Nem todo aquele que me
disser: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade
de meu Pai que está nos Céus, este entrará no Reino dos Céus.” (Mt 7,21).
Frequentemente,
quão penoso e difícil é fazer a vontade de Deus! O coração está seco, a vontade
é débil e a carne é fraca; sem embargo, fazer a vontade de Deus nestas
circunstâncias, é grande perfeição.
Jesus
chegou até a excluir que os dons extraordinários fossem um sinal seguro de
salvação, enquanto que os pentecostais e carismáticos os consideram como uma
prova irrefutável da autenticidade de sua experiência. Estas são as palavras de
Jesus: “muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor; não fomos nós que
profetizamos em teu nome e expulsamos demônios e fizemos milagres em teu nome?’.
Então lhes direi: ‘Não os conheço, afastai-se de mim, obreiros da iniqüidade!”
(Mt 7,22-23)
A
experiência, sendo muito subjetiva e a mais débil de todas as provas, está
extremamente exposta ao auto-engano. Basta estar presente nos momentos
culminantes dos encontros de oração dos carismáticos. O que acontece frequentemente nestes momentos é desconcertante, e em
lugar de induzir ao espectador honesto a reconhecer a presença da Terceira
Pessoa da Santíssima Trindade, lhe induz a temer que outro ‘espírito’ esteja no
meio deles, espírito que tem prazer ao poder enganar tão facilmente os filhos
dos homens e conduzi-los sem esforço a um reino onde Cristo não reina.
Sobre este aspecto do
movimento carismático, eis aqui o que escreve um autor francês, Henri Caffarel:
“seria inútil apanhar aqui exemplos, mas é claro que normalmente, pela
excitação que domina nesta assembléia, se está muito perto do histerismo
coletivo e os líderes são evidentemente incapazes de canalizar as explosões
emotivas. Em alguns casos não se pode estar seguro de si se está ainda nos
limites de uma autêntica vida cristã, ou se já se toca de leve a superstição e
a magia. O Maligno, certamente… apanha sua colheita!” Não é difícil compreender
que estas assembleias ameacem seriamente a fé das pessoas, sua vida espiritual
e seu equilíbrio psíquico. Também se compreende que dão origem a falos profetas
e taumaturgos, como aqueles de quem falou Cristo quando disse: “Guardai-vos dos
falsos profetas que vêm a vós com pele de cordeiro, mas por dentro são lobos
vorazes.” (Mt 7,15).
Ainda mais: Ralph Martin,
diretor do Movimento Carismático, em seu livro “A menos que o Senhor construa a
Casa” (original em espanhol – “A menos que elSeñorconstruya La Casa”), expõe o
problema em termos mais sangrantes: “demasiado vão mais além dos limites da
moralidade, já que se criam relações pessoais entre sacerdotes, religiosas e
leigos que tristemente pervertem-se de um plano espiritual até um nível
puramente natural e sensual. O ‘ágape’ perverte-se no ‘eros’”.
Não
poucas vezes a imposição das mãos dos Carismáticos culminou em lascivas e
luxuriosas situações de toques sexuais.
É
contrário à experiência de quem têm vivido espiritualmente – O ensinamento e a
prática dos carismáticos-pentecostais contradizem o exemplo dos Santos,
particularmente dos grandes místicos, apesar de citá-los constantemente como
inspiradores das técnicas que eles põem em marcha. Os Santos constantemente
temiam ser enganados pelo demônio, desdenhavam os fenômenos extraordinários e
pediam ao Senhor com insistência em mantê-los no caminho ordinário.
Para
evitar o auto-engano, se confiavam ordinariamente a experientes diretores
espirituais, e frequentemente recebiam ajuda providencial do próprio Deus. Declaravam-lhes
até os mais insignificantes sentimentos de seu coração e obedeciam heroicamente
ao que lhes mandavam. Pode-se imaginar Santa Catarina de Siena, Santa Teresa de
Ávila, São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola, recorrendo ao mundo
fazendo ostentação de si mesmos, em seu reconhecido caráter de autênticos
dispensadores do Espírito Santo?
O
ensinamento e a prática carismática contradizem também o explícito ensino dos
grandes mestres da vida espiritual e dos Doutores da Igreja, que, constante e
unanimemente, ensinam que as verdadeiras virtudes que devemos almejar são a
humildade, a mortificação, o amor da humilhação, o aniquilamento de si mesmo, a
vida escondida, o evitar a singularidade e a ocasião, para que o orgulho não
venha a nascer no coração.
São
João da Cruz resume assim esta doutrina: “PORTANTO DIGO QUE DE TODAS ESTAS
APREENSÕES E VISÕES IMAGINÁRIAS E OUTRAS QUAISQUER FORMAS OU ESPÉCIES (…), QUER
SEJAM FALSAS, E DA PARTE DO DEMÔNIO, QUER SE PERCEBAM SER VERDADEIRAS, E DA
PARTE DE DEUS, O ENTENDIMENTO NÃO HÁ DE SE EMBARAÇAR NEM NUTRIR-SE NELAS, NEM
AS TEM A ALMA DE QUERER ADMITIR, NEM AS DEVE TER, PARA PODER ESTAR SOLTA,
DESNUDA, PURA E SIMPLES” (Subida ao Monte Carmelo, Lib. II, Cap. 16)
É
exatamente o oposto do que fazem os carismáticos.
Os carismáticos abandonam a
Cruz – O movimento se concentra na celebração da ‘alegria’ do espírito. Não há
lugar no movimento para a agonia do Getsêmani, os tormentos da Paixão, as
noites de alma que ressaltam na vida dos Santos; como a noite tão profunda que
arrancou dos mesmos lábios de Cristo o grito de indizível dor: “Meu Deus, meu
Deus! Por que me abandonastes?” (Mt 27,46)
Os carismáticos deveriam saber
que a santidade não consiste na alegria, mas muito mais no sofrimento. Cristo
tem levado seus Santos, particularmente os grandes místicos, às alturas da
santidade não precisamente pelo caminho da alegria, mas por uma inarrável dor,
porque a essência do amor não é a alegria, mas o sofrimento: “quem quer ser meu
discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e segue-me.” (Mt 16,24)
A autêntica celebração da
alegria está reservada para o céu.
É indício de maior perfeição
dizer “que se faça tua Vontade” na agonia do Getsêmani, que na alegria de
Pentecostes.
O
Movimento Carismático contradiz [OBS - até, na letra, quer dizer, numa ou
noutra passagem – Não no espírito, é bem de ver]o Concílio Vaticano II:
com efeito, este ensina que “não devemos pedir temerariamente estes dons, nem
esperar deles com presunção os frutos das obras apostólicas.” (Lumen Gentium,
12) Parece que estas palavras foram inspiradas por Deus como uma pré-condenação
de um movimento que surgiu imediatamente após o Concílio.
CONCLUSÃO
Examinamos
com objetividade e sinceridade, o Movimento Carismático, a partir de distintos
pontos de vista, e o encontramos frágil, contraditório, errôneo e pernicioso.
Mas no meio da multidão, graças ao clamor, dinheiro que movimentam ealvoroço
suscitado pelo Movimento, fica difícil prevalecer a voz da reta razão.
Vivemos
uma época delirante, em que o ensino e a Tradição da Igreja são abertamente
atacados ou postergados com desprezo. Parece que chegaram os tempos
profetizados por São Paulo a Timóteo: “Porque virá tempo em que os homens já
não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo
prurido de escutar novidades, arranjarãomestres para si. Apartarão os ouvidos
da verdade e se atirarão às fábulas.” (2Tm 4,3-4)
São
Paulo nos convida a examinar tudo, a reter o bom e rechaçar o mal.
À
LUZ DA SÃ TEOLOGIA E DA TRADIÇÃO, O MOVIMENTO NÃO SE QUALIFICA COMO COISA BOA:
PARTE DE PRETENSÕES FANÁTICAS, MINA A FÉ, INDUZ AS ALMAS A UM FALSO MISTICISMO,
E AS CONDUZ ATRAVÉS DA CREDULIDADE E ORGULHO OCULTO, A SATANÁS.
Portanto está plenamente
justificado o juízo do Arcebispo Robert Dwyer, quando diz: “Julgamos o
Movimento Carismático como uma das orientações mais perigosas da Igreja em
nosso tempo, estreitamente ligado em espírito com outros movimentos destrutivos
e separadores que ameaça com grave dano a sua unidade e a inúmeras almas.”
(Christian Order, maio de 1995, pág. 265)
MANIPULAÇÕES
PSÍQUICAS DO MOVIMENTO CARISMÁTICO
(do original: MANIPULACIONES PSIQUICAS DEL MOVIMIENTO CARISMÁTICO)
SITE: Cristiandad FM
Fonte: Poustinik
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