A língua litúrgica latina é:
1.
uma língua venerável. Pois é o produto do desenvolvimento
histórico e secular, consagrada pelo uso multi-secular.
2. uma língua estável. A Igreja conserva-a por saber que as
suas palavras são a expressão fiel da fé católica. Tal certeza não teria com
traduções continuamente reformadas e adaptadas à língua viva. Os gregos, apesar
de separados da Igreja romana, guardaram a sua fé quase completamente devido em
grande parte à sua Liturgia antiga.
3. Língua fixa. A língua latina é muito aperfeiçoada, com
termos próprios, formados pela legislação romana.
4. Língua misteriosa e santa. É convicção geral que, para um
ato tão santo como a missa, a língua quotidiana é menos conveniente. Os
hereges, faltos de respeito de Deus, introduzem logo a língua vulgar na
Liturgia. Seguindo o exemplo do Concílio Tridentino, Alexandre VII (1661) nem
sequer permitiu a tradução do missal em francês. Hoje isto se concede; mas
nega-se a licença de usar a língua vulgar na Liturgia, principalmente da missa.
Existe o perigo de serem abusadas pela povo baixo as palavras que contêm os divinos mistérios.
5. Língua unitiva. A diversidade das línguas separa os homens,
a língua comum une-os. A língua latina une as igrejas particulares entre si e
com Roma.
6. Língua civilizadora. Todos os membros do clero devem
aprender latim, e por isso podem aproveitar para a sua formação esmerada os
autores clássicos antigos e a doutrina profunda dos santos padres da Igreja.
7. Língua internacional. Não só o clero entende a língua
latina, mas também leigos a cultivam e empregam, por exemplo, na ciência
médica, física e mesmo no comércio (catálogo) e a preferem às línguas
artificiais (esperanto).
8. Mas, dizem, o povo não entende nada da missa. Responde-se:
A missa é uma ação, não um curso de instrução religiosa. No Calvário não havia
explicações. O altar é um Calvário. Todo cristão sabe o que significa:
imolar-se.
Além disso, o Concílio Tridentino (sess. 22) encarrega os sacerdotes "que
frequentemente expliquem alguma coisa do que se lê na missa". Mas "etsi
missa magnam contineat populi fidelis eruditionem, non tamen expedire visum est
Patribus, ut vulgari passim lingua celebraretur" - "embora a
Missa contenha grandes instruções para o povo fiel, não
pareceu, contudo, conveniente aos Padres que ela fosse celebrada
ordinariamente na língua vulgar". (Tradução nossa).
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Pe. João Batista Reus, S. J. Curso de Liturgia. Segunda edição
revista e aumentada. Rio de Janeiro: Vozes, 1944, p.47-48.
Fonte: Nos comentários de Mulher Católica
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